Crítica | American Horror Story: Delicate 12×01 Multiply Thy Pain

Matheus Martins

A tão aguardada décima segunda temporada de American Horror Story está entre nós. Essa é a terceira temporada entregada por Murphy após o hiatus da pandemia que vem logo após NYC e Double Feature.

A temporada é estrelada por Emma Roberts (Pânico 4), Cara Delavigne (Only Murders on the Building) e a influencer Kim Kardashian, com um papel de destaque. Inspirada na obra de Danielle Valentine, Delicate Condition, a produção segue Anna Alcott, uma atriz famosa que está passando por uma inseminação artificial, quando estranhos acontecimentos passam a atormentar Anna antes e durante a sua gestação.

O primeiro episódio começa com um fast forward de um evento que vamos presenciar em um momento mais tarde da série, onde Anna acorda com uma pessoa em seu apartamento e sua cama (aparentemente) ensanguentada.

Antes de mais nada, é importante observar que em “Delicate Condition”, é abordado um tipo de terror psicológico onde uma mulher é lentamente desacreditada a todo momento durante a gravidez, levando a ter visões sobre pessoas querendo fazer algum mal a ela e sendo contrariada das próprias convicções. Uma ideia semelhante a essa já foi trabalhada no filme False Positive, de 2021, do diretor John Lee.

Da mesma forma, Anna passa a ver a mesma mulher em todos os lugares, ser perseguida, ter visões assombrosas sobre a maternidade, e questionada pelo seu marido e amigos que afirmam que as medicações estejam afetando sua percepção sobre as coisas. Como essa é uma série de terror de Ryan Murphy, é óbvio que tem algo sinistro no ar e uma coisa ainda mais horrenda puxando os pauzinhos por trás de tudo.

E também por ser um trabalho de Murphy, é sempre bom lembrar que a linha entre o terror e o ridículo vai estar tênue em boa parte das vezes. A história dessa mais nova temporada tenta adaptar uma obra já conhecida com ares de atualidade, o que nunca é ruim, mas nunca é bem trabalhado se você não estiver fazendo direito.

Em uma cena, Anna para uma correria até uma consulta para tirar uma foto em um outdoor como uma maneira de dizer que ela se importa com o seu trabalho, o que dava para ser dito de qualquer outra forma e de um jeito menos expositivo. A menção sobre Anna ser essa grande atriz conhecida e famosa está por todo lado, poluindo a história e impedindo que a audiência conheça sua personalidade, a entenda melhor do que os horrores pelos quais ela irá passar. O que não é diferente de vários protagonistas de Murphy que são usados de muleta para chegar a linha final de eventos.

Cada temporada de AHS possui uma temática, o que já foi uma forma legal de brincar com os conceitos, mas em recentes produções de Ryan, isso parece se ater apenas aos visuais e meras referências clichês. Em poucas palavras, a abertura da série carrega mais a essência do tema do que a própria série em si.

Os efeitos visuais aparecem uma vez bem rápido na tela para demonstrar o quanto o diretor visual tem medo da sua presunção em trabalhar melhor uma cena. Morre-se uma personalidade característica que é tão conhecida e bem executada em filmes slashers para se substituir pelo que é genérico, pelo que é mais fácil de se passar.

Se tem algo na série que de fato funciona é em instigar o mistério, levantar as perguntas. Tanto Siobhan quanto o marido de Anma possuem um passado sombrio, carregado de trauma e que tem fortes indicíos de estarem conectados a condição de Anna. Se a série focasse melhor nesse aspecto, seu ritmo natural jamais seria cortado.

American Horror Story: Delicate não apresenta nada que já não tenhamos visto antes de Murphy e é igualmente tão decepcionante quanto. Os fãs podem esperar por mais uma temporada mediana que deixa para trás o brilho incomum das primeiras temporadas da série.

Série: American Horror Story: Delicate

Direção: Ryan Murphy

Elenco: Emma Roberts, Cara Delevingne, Kim Kardashian, Denis O’hare, Matt Czuchry.

Nota: 5,00

Novos episódios de American Horror Story: Delicate chegam toda semana no Star Plus.

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