Critica: “Toda Luz Que Não Podemos Ver” é drama histórico com misticismo

Matheus Martins

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A Netflix começou novembro adicionando ao seu catálogo o interessantíssimo Toda Luz Que Não Podemos Ver, minissérie adaptada da obra de Anthony Doerr, que conta um romance dramático ambientado na Segunda Guerra Mundial.

A história fala sobre a luta de um grupo de resistência na França que deve sobreviver em Saint-Malo enquanto sobrevivem à invasão eminente dos Estados Unidos enquanto escondem uma pedra preciosa que não deve cair nas mãos da Alemanha de Hitler.

Com apenas quatro episódios de aproximadamente 1 hora, conferimos essa grande estreia do streaming e temos a nossa crítica sobre essa emocionante história.

Histórias sobre guerras sempre carregam uma premissa dupla: a de emocionar por contar relatos de uma época que realmente existiu na vida humana e por ser capaz de transportar emoções para a tela em assuntos delicados.

Em Toda Luz Que Não Podemos Ver, o espectador é transportado por um enredo de proporções altamente perigosas enquanto um romance e uma aventura sobre esperança, amor, confiança e medo se desenrola numa trama precisa cheia de personagens importantes e suas interações em distância. Embora tenha que intercalar entre diversos pontos de vista num curto espaço de tempo, a duração extendida de episódios é o suficiente para comportar cada componente da obra de Anthony com proeza.

Por que não falar sobre a prosa? Ela não é trabalhada de uma forma tão extensa, apenas tocada em momentos aqui e ali onde Marie e Werner refletem sobre suas incapacidades, suas decisões e maneiras de enxergar o mundo através de entes queridos e amigos que fizeram ao longo do caminho. Em termos de prática, a série acaba caindo no clichê das frases de impacto que buscam ressaltar a mensagem que a minissérie poderia trazer utilizando um pouco da poesia do século XX.

Não dá para reclamar de todo resto: a montagem, o visual, os modelos de roupas centrados na época e as magníficas atuações se sobrepõem a todo tempo, porém Hoffman é o que mais se destaca no papel, entregando aquela emoção que conversa apenas com o olhar e dispensa uma atuação mais caricata – algo que o vilão de Lars Eidinger usa e abusa, e por isso não causa tanto medo quanto outras atuações de coadjuvantes que desaparecem logo nos primeiros episódios.

Embora Aria Mia Loberti se esforce, sua atuação está decente, porém decepcionante com o papel de destaque que é lhe dado, não remetendo de forma nenhuma a de Lily Gladstone, que também é uma principiante no trabalho. Ruffalo não é destaque nesta produção – graças à Deus -, mas Hugh Laurie ganha um arco de destaque que é longo, o que é bem triste.

Em termos de história, não há do que reclamar. A Netflix acertou demais em trabalhar com uma minissérie, uma proposta que não é tão longa quanto uma série, nem contida como um filme, mas é o suficiente para uma obra que atinge uma parcela importante da sociedade que ainda precisa viver com as marcas do que aconteceu. Não esticar isso e reciclar como foi feito com o Dahmer de Ryan Murphy é a escolha mais sensata.

Infelizmente, tudo começa a soar enfadonho demais e as cenas de ação que deveriam ser de tirar o fôlego são meros amarros do roteiro que usa do foreshadowing para não desenvolver o que foi começado no início da série. Não é bem culpa de Levy. Talvez uma falha do autor da obra que se apressou até chegar ao fim da história sem por os pingos nos i’s.

Apesar de tudo, quando França e Alemanha chegam ao ápice da guerra com a invasão dos EUA, chegamos a torcer para tudo que dê certo. Não por que acreditamos que há algum risco (não há), mas porque a obra é baseada em fatos reais.

Toda Luz Que Não Podemos Ver é um drama da Netflix que pode surpreender e contar a todos uma linda, bela, trágica e importante história que marcou para sempre a humanidade.

Série: Toda Luz Que Não Podemos Ver

Direção: Shawn Levy

Elenco: Aria Mia, Louis Hoffmann, Mark Ruffalo, Hugh Laurie, Lars Eidinger, Jakob Diehl, Marion Bailey.

Nota: 8,00

A minissérie está disponível na Netflix.

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