Muitas vezes, ao assistirmos um filme, podemos ficar com dúvidas sobre alguns elementos da história ou sobre o significado de certas cenas. Algumas produções cinematográficas são especialmente complexas e deixam o espectador com a sensação de que precisam de uma explicação mais detalhada para serem compreendidas em sua totalidade.
Hoje, o Pixel Nerd irá apresentar uma lista de sete filmes que, após serem assistidos, podem gerar algumas questões e dúvidas que merecem uma reflexão mais aprofundada. Prepare-se para mergulhar em histórias intrigantes e cheias de simbolismos!
1. Midsommar (2019)
Midsommar é um filme que pode gerar muitas interpretações e questionamentos. Segundo o diretor Ari Aster, ele se inspirou no gênero do “folk horror”, que envolve histórias de pessoas que se deparam com comunidades isoladas e estranhas. Durante a passagem do filme, acompanhamos vários desenhos que denunciam vários eventos que irão ocorrer, mas para quem chega desavisado e não percebe o que está acontecendo, os últimos minutos e seu (grande) acontecimento pode pegar muita gente de surpresa, além de deixar todos confusos.
Explicação
O filme pode ser visto como uma fábula sobre a jornada de Dani, a protagonista, que passa por uma tragédia familiar, um relacionamento tóxico e uma busca por pertencimento. No final, Dani escolhe sacrificar Christian, seu namorado, em um ritual pagão no que pode ser entendido como uma forma de vingança, libertação e superação. Ela se torna a rainha de Maio da comunidade e sorri ao ver o corpo dele queimar, indicando que ela se livrou do mal que ele representava e encontrou uma nova família que compartilha as suas emoções. O site Zinema interpreta o filme como uma fábula em que Dani é uma princesa que passa por provações e é coroada no final, após superar a sua depressão e o seu luto.
2. Mãe! (2017)
Mãe! é outro filme que precisa de explicação porque não se trata de só mais uma produção de suspense; o longa na verdade é uma alegoria bíblica cheia de símbolos e metáforas que nem sempre são fáceis de entender. O filme conta a história de um poeta (Javier Bardem) que representa Deus e sua esposa (Jennifer Lawrence) que representa a Mãe Natureza ou o planeta Terra. Eles vivem em uma casa que simboliza o Paraíso, mas que é invadida por vários convidados indesejados que representam a humanidade e seus pecados.
A partir do meio do filme, as várias “interferências” dos convidados que chegam a casa do poeta deixam o espectador desnorteado, assim como o seu final que deixa ainda menos espaço para perguntas serem respondidas.
Explicação
A grande verdade é que o pano de fundo do filme fala de temas como a criação, o dilúvio, o nascimento e o sacrifício de Cristo, o Apocalipse e o ciclo da vida. O diretor Darren Aronofsky quis fazer uma crítica à forma como os humanos tratam a natureza e a arte, explorando-as sem respeito ou gratidão. Por isso, o filme tem cenas chocantes e violentas que provocam reações diferentes no público e que podem soar confusas, mas não são; são uma alegoria.
3. Hereditário (2018)
Hereditário foi o terror norte-americano dirigido por Ari Aster que nem precisou chegar ao final para confundir. O filme conta a história de uma família que é atormentada por uma herança maldita após a morte da avó, que era líder de um culto que invocava Paimon, um dos oito reis do inferno.
Antes dessa explicaçãpo, no entanto, somos enxurrados por uma onda de desgraças na vida da matriarca da família que luta para entender o que está acontecendo, ao passo que tenta se reconciliar com seu filho que cometeu um grande erro.
Explicação
O final de Hereditário é chocante e confuso, mas pelo menos deixa bem explicítio ao revelar que o culto conseguiu transferir o espírito de Paimon para o corpo de Peter, o filho mais velho da família, depois de matar os outros membros. Paimon precisava de um hospedeiro masculino para manifestar seus poderes e trazer riqueza e honra para seus seguidores. Todas as tragédias acontecidas ao longo dos minutos é uma transição de um pacto antigo e diabólico feito pela mãe da protagonista com um demônio.
4. O Menu (2022)
Lançado no ano passado, O Menu acompanha um grupo de pessoas que vão jantar em um restaurante exclusivo e misterioso em uma ilha, comandado pelo renomado chef Julian Slowik (Ralph Fiennes). O que deveria ser uma noite de degustação de pratos especiais e exóticos, se torna um pesadelo para os convidados, que enfrentam situações bizarras e chocantes. No fim das contas, não sabemos se estamos assistindo ao mesmo filme ou se há algo mais sendo feito nos bastidores da produção. Mas calma, tudo tem uma explicação bem simples.
Explicação
O final do filme revela que os planos do chef Slowik são de assassinar todos os convidados do restaurante, incluindo ele mesmo e seus funcionários. O filme é uma crítica à cultura do consumo, ao fanatismo e à desigualdade social, mostrando como as pessoas ricas e famosas se importam apenas com o status e não valorizam a comida como arte.
A única exceção é Margot (Anya Taylor-Joy), uma acompanhante de luxo contratada por Tyler (Nicholas Hoult), um fã obcecado pelo chef que também faz parte do seu plano. Margot é a única que desafia e questiona o chef, mostrando interesse genuíno pela sua comida e pela sua história. Ela também é a única que consegue escapar da ilha, depois de enganar o chef e fazer com que ele explodisse o restaurante com todos dentro.
O final do filme contrasta duas receitas típicas da tradição culinária americana, amadas pelo povo americano, mas raramente associadas à alta gastronomia: o cheeseburger e os s’mores. O cheeseburger é o que Margot come a bordo de um navio, enquanto vê o restaurante explodir ao longe. Os s’mores são o que o chef prepara como prato final, junto com sua assistente Elsa (Hong Chau), antes de acionar os explosivos.
Essas duas receitas podem simbolizar a diferença entre o elitismo e o populismo, entre a pretensão e a simplicidade, entre a vingança e a sobrevivência. O chef Slowik representa alguém que se sente superior aos outros, que quer impor sua visão de arte e de gosto aos seus convidados, que não aceita críticas ou divergências. Ele também representa alguém que perdeu a paixão e o amor pela sua profissão, tornando-se amargo e ressentido.
Margot representa alguém que não se deixa levar pelas aparências, que busca conhecer a verdade por trás das coisas, que tem curiosidade e senso crítico. Ela também representa alguém que valoriza a vida e a liberdade, que não se conforma com o destino imposto pelos outros, que luta para sobreviver.
5. Estou Pensando em Acabar com Tudo (2020)
Estou Pensando em Acabar com Tudo é complexo e confuso em sua totalidade, pois mistura realidade e fantasia na mente de um homem solitário e deprimido. Segundo o diretor Charlie Kaufman, o filme fala sobre a experiência de alguém que absorve as coisas que vê e como elas se tornam parte de sua psique. O filme é baseado no livro homônimo de Iain Reid, mas tem algumas diferenças na adaptação. O final do filme revela que Jake e o zelador são a mesma pessoa, e que Lucy é uma namorada imaginária que representa todas as mulheres que ele desejou ou se relacionou. Bem simples assim.
6. Cidade dos Sonhos (2001)
O filme Cidade dos Sonhos é outro filme que se junta a lista dos que terminam precisando de explicação por causa de sua narrativa não-linear, mas sim uma estrutura onírica e simbólica. O filme é uma mistura de sonho e realidade, de desejo e culpa, de ilusão e verdade. E não é para menos, já que é obra do renomado David Lynch, conhecido por seus filmes enigmáticos e surreais.
Segundo alguns críticos e analistas, o filme pode ser interpretado como a projeção do sonho de Diane Sellwyn, uma atriz frustrada que encomenda a morte de sua amante Camila Rhodes, uma atriz bem-sucedida que a troca por um diretor de Hollywood chamado Adam. No sonho, Diane se imagina como Betty, uma aspirante a atriz cheia de talento e esperança, que ajuda Rita, uma mulher que perde a memória após um acidente na estrada Mulholland Drive.
Acontece que essa “Rita” é a versão idealizada de Camila, que no sonho depende de Betty e se apaixona por ela. No sonho, Diane também distorce a realidade e cria personagens e situações que refletem seus sentimentos e conflitos internos.
Por exemplo, ela imagina que Adam é um diretor fracassado e humilhado por uma máfia que o obriga a escalar Camila para seu filme. Ela também imagina que há uma chave azul e uma caixa azul que guardam um segredo sobre sua identidade e seu destino.
No final do filme, o sonho se desfaz e a realidade se impõe. Diane recebe a chave azul que significa que o assassinato de Camila foi realizado. Ela é atormentada por visões de Camila e por pessoas que representam sua consciência e sua culpa. Ela não suporta o peso de seus atos e se suicida com um tiro na cabeça.
Essa é uma possível explicação para o filme, mas não é a única nem a definitiva. O próprio Lynch não quis dar uma explicação para o filme, mas preferiu deixar que cada espectador criasse sua própria interpretação. O filme é um convite para explorar o universo dos sonhos, das emoções e das aparências. É um filme que desafia a lógica e a razão, mas que estimula a imaginação e a sensibilidade.
7. Donnie Darko (2001)
No ultimo item dessa lista, temos Donnie Darko, clássico culta para quem gosta de mistérios e simbolismos que nem sempre são explicados de forma clara pelo diretor. Muitos espectadores ficam confusos ou intrigados com o final do filme, que mostra Donnie sacrificando sua vida para salvar o universo primário da destruição causada pelo universo tangente.
A explicação do filme Donnie Darko é um pouco complexa, por isso precisa de bastante concentração na hora de explicar seu desfecho. O filme se baseia na ideia de que existem dois universos: o primário, que é o real, e o tangente, que é uma cópia instável e perigosa que se forma quando há uma corrupção na quarta dimensão.
O filme começa com a formação de um universo tangente, quando uma turbina de avião cai no quarto de Donnie Darko, mas ele não está lá porque foi atraído por uma voz para fora de casa. Essa voz pertence a Frank, um coelho gigante e assustador que diz a Donnie que o mundo vai acabar em 28 dias.
Frank é na verdade um Manipulado Morto – uma pessoa que morreu no universo tangente e que tem poderes para ajudar Donnie a cumprir sua missão. Donnie é o Receptor Vivo, a pessoa escolhida para salvar o universo primário da destruição, levando o artefato (a turbina) de volta para ele. Para isso, ele conta com a ajuda de outros Manipulados Vivos, pessoas que são influenciadas por Frank para guiar Donnie em seu caminho.
Entre eles estão Gretchen, sua namorada, Roberta Sparrow, a autora do livro A Filosofia da Viagem no Tempo, e sua professora de ciências. Donnie também tem visões de túneis de água saindo das pessoas, que representam seus destinos.
No final do filme, Donnie consegue criar um portal no céu usando seus poderes telecinéticos e enviar a turbina para o universo primário, fechando o universo tangente. Ele volta no tempo para a noite em que tudo começou e se deita em sua cama, esperando pela turbina que vai matá-lo.
Ele morre sorrindo, pois sabe que salvou o mundo e as pessoas que ama. As outras pessoas que estavam no universo tangente acordam com uma sensação estranha, mas sem lembrar exatamente do que aconteceu.
Esses foram os filmes que precisam de explicação depois de serem assistidos. Já adicionou algum deles a essa lista? Nos deixe saber nos comentários!