Desde que o mundo é o mundo, a bolha do entretenimento é agraciada com um fenômeno bastante comum: a do fandom. Às vezes, tudo começa com um filme, mas a coisa sempre acaba avançando para um personagem querido que não demora a cair nos braços dos fãs. Suas personalidades, assim como seu estilo, modo de vestir (e até de falar) inspira toda uma geração e é só uma questão de tempo para alguém solte a famigerada frase: “esse é literalmente eu.”
A expressão “literalmente eu” é usada na internet para indicar que alguém se identifica muito com uma situação, uma imagem, um meme ou um personagem. É uma forma de mostrar empatia, humor ou ironia. Por exemplo, se alguém posta uma foto de um cachorro dormindo no sofá e escreve “literalmente eu”, significa que essa pessoa se sente como o cachorro, ou seja, cansada e com vontade de descansar.
E aqui nesse caso, não poderia ser diferente, mas existe uma distinção. Esses personagens acabam sendo rotulado de “literalmente eu” quando seus comportamentos, formas de agir não necessariamente representam as pessoas que estão assistindo, mas como elas gostariam de se sentir. Alguns são mais extremos e passam a se vestir, fazer cosplays e usar de várias formas criativas e artísticas para homenagearem seus novos ídolos que – de tempos em tempos – sempre se renovam.
Existe uma gama de personagens que passaram por essas situações e geralmente não existe um fenômeno técnico ou qualquer estudo que explore isso de forma séria. No caso de Esquadrão Suicida, tudo começou pelo trailer. As pessoas assistiram ao vídeo, viram a personagem Arlequina (ou Harley Quinn) e não demorou até que o fenômeno do “literalmente eu” acontecesse.
Enquanto que para o DCEU, o par romântico do Coringa seja visto como o quarto pilar da DC, aqui no Brasil muitas garotas passaram a se identificar com a personagem, se vestir como ela, fazer maquiagens de uma forma que impactou nossa cultura. Passe bem por um brechó e você não vai demorar a ver uma blusa de manga longa com os mesmos padrões de cores da personagem – ou no mesmo estilo.
Existe até mesmo um funk no Youtube da MC Bella retratando uma jovem que assume a personalidade da personagem após sofrer uma traição. Apesar de um pouco inusitado, isso lembra bastante a forma como a origem de Harley é mostrada no filme de 2016, quando ela sofre uma lavagem cerebral do próprio vilão para se tornar quem é hoje.
Mas se você pensa que a loirinha é a única personagem da DC a ganhar essa atenção, está bastante enganado. Mais ou menos no mesmo período em que Arlequina virou uma febre, seu comparsa, o Coringa, também ganhou um destaque no mesmo grau e medida, já que foi a vez dos meninos de tatuarem o personagem no corpo, pintar o cabelo de verde e até usar o nome do personagem em músicas e bordões que rapidamente viralizaram.
Até hoje as pessoas usam o verbo “coringar”, como forma de dizer que a pessoa está enlouquecendo aos poucos.
Como se a adaptação do DC Universe tão instaurada na nossa cultura não bastasse, as pessoas não ficaram satisfeitas. Havia mais outro personagem que teria sua personalidade totalmente voltada para a televisão: Thomas Shelby. O magnata da série Peaky Blinders virou um sinônimo (chame de piada) entre as pessoas que se dizem frias e calculistas, tão maltratadas pela vida que se cansaram da sua ilusão.
Embora nada tenha chegado ao ponto de tatuagens, estilo – porque convenhamos, quem é que vai querer ficar usando casaco e cap num país tropical -, várias páginas no Facebook começaram a repostar frases com a foto do personagem com um semblante pensativo ou triste.
E algumas pessoas começaram a notar que algumas dessas frases nem haviam sido ditas pelo personagem na série…
Resumindo: o personagem serviu de inspiração para mais uma personalidade que as pessoas souberam abraçar, mesmo tendo projetado esse sentimento ao invés de buscarem a origem real que inspirou a criação de Thomas Shelby.
Outros personagens cujas personalidades são bem “literalmente eu”:
Concluindo a questão: o mundo do entretenimento, sendo vasto do jeito que o é, sempre irá trazer novos personagens que terão oportunidades de serem amados, odiados ou abraçados de uma forma que outras pessoas cheguem a associar as suas personalidades na vida real. Quando ver esses casos, não estranhe ou fale mal. Apenas curta a onda, junte-se ao movimento e diga: “literalmente eu”.