Uma investigação da Reuters sobre as condições de trabalho na SpaceX revelou um total de mais de 600 feridos não divulgados publicamente desde 2014. Funcionários atuais e ex-funcionários citados no relatório apontam para os prazos agressivos estabelecidos pelo CEO Elon Musk e uma aversão à burocracia como fatores cruciais.
A pressa em realizar a missão de levar os humanos a Marte “o mais rápido possível” teria levado a empresa a cortar custos e a negligenciar protocolos de segurança adequados.
De acordo com a Reuters, as taxas de lesões em algumas instalações da SpaceX ultrapassam significativamente a média da indústria, que é de 0,8 lesões ou doenças por 100 trabalhadores. Em Brownsville, Texas, a taxa de lesões em 2022 foi de 4,8 por 100 trabalhadores; em Hawthorne, Califórnia, 1,8; e em McGregor, Texas, onde são realizados testes de foguetes, a taxa foi de 2,7.
As lesões relatadas incluem desde ossos quebrados, lacerações e dedos esmagados até queimaduras, choques elétricos e ferimentos graves na cabeça. Casos extremos, como o de Florentino Rios, trabalhador de Brownsville que ficou cego em 2021, e Francisco Cabada, em coma desde janeiro de 2022, foram destacados.
Em 2014, na unidade McGregor, Lonnie LeBlanc perdeu a vida quando foi derrubado do trailer de um caminhão carregado incorretamente pelo vento. Apesar disso, ao longo dos anos, as penalidades aplicadas à SpaceX por questões de segurança foram apenas simbólicas, como uma multa de US$ 7.000 após a morte de LeBlanc.
A Reuters entrevistou mais de duas dúzias de funcionários, atuais e antigos, assim como indivíduos com conhecimento das práticas de segurança da SpaceX.
Um ex-gerente da empresa afirmou que “os próprios trabalhadores cuidam de sua segurança”, enquanto outros indicaram que o uso de equipamentos de segurança de cores vivas era desencorajado devido à preferência de Elon Musk.
Além disso, a SpaceX foi acusada de não fornecer consistentemente dados sobre lesões aos reguladores ao longo de sua história.
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O executivo da SpaceX, Elon Musk, pode ser arrogante quanto à segurança em suas visitas às instalações da empresa. Os trabalhadores disseram que ele brincou com um lança-chamas perto de outros trabalhadores e os desencorajou a usar amarelo de segurança porque ele odeia cores brilhantes.
A Reuters descobriu detalhes sobre os mais de 600 feridos examinando documentos judiciais em ações judiciais de trabalhadores, registros médicos de funcionários, pedidos de indenização de trabalhadores estatais e registros de chamadas de emergência.
A agência de notícias também obteve, por meio de solicitações de registros públicos, registros internos de lesões da SpaceX que a empresa entregou aos inspetores de segurança federais e estaduais após graves incidentes de segurança. Esses registros raramente são tornados públicos.
Depois de anos sem relatar estatísticas anuais de lesões e doenças aos reguladores, alguns sites da SpaceX começaram a arquivar os dados em 2021 ou 2022. Os dados para 2022, que são mais completos, revelam taxas de lesões em três grandes instalações industriais da SpaceX que excederam em muito a média da indústria espacial.
