Ciclone: o que significa a passagem do fenômeno em 2023?

Matheus Martins

A passagem do ciclone em 2023 em São Paulo e outras regiões significa que houve uma grande mudança no tempo no Brasil e em outros países da América do Sul, com a formação de um grande e forte ciclone extratropical, a formação de uma frente fria e o deslocamento de uma forte massa de ar frio de origem polar.

O ciclone extratropical é uma área de baixa pressão atmosférica onde os ventos giram ao redor de um centro, sempre no sentido horário, no caso do Hemisfério Sul, formando um círculo completo. Quanto mais baixa a pressão do ar no centro do ciclone, mais fortes são os ventos e maior o potencial para o desenvolvimento de nuvens muito extensas, que provocam chuva volumosa e forte, ventania, raios e eventualmente granizo.

O ciclone que se formou entre os dias 12 e 13 de julho de 2023 sobre o Sul do Brasil alcançou valores de pressão atmosférica um pouco abaixo de 1000 hectopascais (hPa), que é uma medida da pressão atmosférica. Tecnicamente valores de pressão atmosférica próximas e abaixo dos 1000 hPa são considerados potencialmente perigosos e geradores de transtornos como temporais e ventania.

O ciclone teve efeito sobre o Paraguai, no Sul do Brasil, no Uruguai e no norte da Argentina podendo causar ventos fortes, fortes pancadas de chuva, raios e queda de granizo. A chuva também atingiu Santa Catarina, Paraná e o litoral de São Paulo, onde houve alerta para temporal com rajadas de até 90 km/h, ressaca e frio.

O estado de São Paulo começou a semana sob forte influência do ar seco, assim como em toda a região central do Brasil. Na capital paulista, voltou a chover e esfriar entre quinta-feira, 27, e sexta-feira, 28. O ar frio polar foi intenso no Sul, com previsão de geada em grandes áreas dos três estados.

O Aquecimento Global está causando os ciclones?

Essa é uma boa pergunta. Não há uma resposta definitiva, mas alguns especialistas afirmam que o aquecimento global tem contribuído para o surgimento de ciclones extratropicais atípicos, que podem se formar com mais rapidez e causar impacto maior.

O aquecimento global aumenta a temperatura do ar e do oceano, o que pode gerar um maior contraste de temperaturas entre diferentes massas de ar, um dos fatores que favorecem a formação dos ciclones extratropicais. Além disso, elementos como o fenômeno El Niño, que aumentam a umidade, acabam potencializando ainda mais a força das chuvas.

No entanto, é preciso considerar também outros fatores que influenciam na ocorrência e na intensidade dos ciclones extratropicais, como a variabilidade natural do clima, as condições atmosféricas locais e regionais, e a interação entre o continente e o oceano.

Portanto, não é possível afirmar com certeza que o aquecimento global é a causa direta dos ciclones extratropicais no Brasil, mas sim que ele pode ser um dos fatores que contribuem para torná-los mais frequentes e intensos.

O que é um ciclone extratropical? Qual a diferença dele para um ciclone comum?

Um ciclone extratropical é um tipo de ciclone que se forma fora da área dos trópicos, geralmente associado com as frentes frias. Ele é causado pelo contraste de temperaturas de diferentes massas de ar (quente e fria) e tem uma forma espiralada nas imagens de satélite.

Um ciclone comum pode se referir a um ciclone tropical ou subtropical, que se formam sobre as águas tropicais, devido às altas temperaturas e alta umidade. Eles têm uma forma arredondada nas imagens de satélite e não têm frente fria associada. Eles retiram sua energia do calor extraído dos mares.

A principal diferença entre os ciclones extratropicais e os ciclones tropicais ou subtropicais é a temperatura no seu centro. Próximo da superfície, o centro dos ciclones extratropicais é mais frio do que atmosfera ao redor, enquanto que o centro dos ciclones subtropicais e tropicais é mais quente do que a atmosfera ao redor.

Como será a passagem do novo ciclone?

Segundo as informações que encontrei, a passagem do novo ciclone extratropical que irá passar novamente pelo Sul do Brasil nesta quarta-feira (26/7) deve ter menos intensidade do que os anteriores, mas ainda assim provocar chuvas e ventos fortes em algumas áreas.

O ciclone se formou entre a Costa Sul do Rio Grande do Sul e o Uruguai, e deve gerar uma nova frente fria que irá para o Sudeste até o fim da semana, levando frio e chuva. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alertas de “risco moderado” de chuvas intensas e de ventos costeiros para parte do RS. As rajadas de ventos devem ter velocidade máxima de 75 km/h e não devem causar grandes transtornos.

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