Crítica: “A Mãe” na Netflix não tem sentido nenhum

Matheus Martins

Parece que A Mãe da Netflix, estrelado por Jennifer Lopez, sofre de um problema que tantos outros filmes da plataforma sofrem. O filme não tem a menor intenção de ser levado a sério, ficando apenas para preencher o catálogo de tantas outras produções pretensiosas. É um filme de ação que quer vender uma história, mas não se encontra focado nela de jeito nenhum.

Nele seguimos A Mãe, ninguém menos que Jennifer, que é uma assassina altamente treinada preparada para buscar vingança contra aqueles que fizeram mal a ela no passado, ao passo que protege sua filha que nunca pode conhecer. Desde então, seguimos a história da personagem enquanto ela caminha para um jornada sem volta ao lado de aliados e inimigos.

O filme não se demora a apresentar exatamente para que veio – razão pela qual começamos seus primeiros minutos com a personagem de J-Lo amarrada a uma cadeira e sendo questionada por sujeitos que parecem não se importar com ela estar com uma barriga de grávida. Logo em seguida, o esconderijo é atacado e A Mãe deve correr para salvar sua vida. Ela escapa por pouco, mas não sem ser atingida logo na barriga. Após sobreviver a esse evento traumático, sua decisão mais sensata é deixar sua filha com um agente para cria-lá até que seja seguro novamente.

Os anos se passam e apenas resta a heroína observar sua filha crescer longe de seus olhos. O que não dura exatamente por muito tempo já que, mesmo não sendo seguro, a personagem volta para vigiar sua Zoe brincando na escola, o que desencadeia uma emboscada capaz de colocar em grande risco o disfarce que ela vem mantendo há anos.

Existe uma sequência de ação feita no bar que é muito dolorosa para ser levada a sério. Nela, a câmera se move muito rápido entre os personagens, sem nenhuma sincronia ou pausa para entender suas reações a tudo que está acontecendo. A personagem de Lopez resolve problemas, derruba inimigos, pula, salta, atira e ateia fogo em tudo (literalmente) com uma facilidade no mínimo suspeita. Quando ela invade o esconderijo Hector (Gael García Bernal) já dá para se ter uma ideia que a intenção do diretor é que tenhamos que desistir do filme. Você não coloca um ator como Gael para ser um dos vilões sem explorar a grandiosidade dos seus talentos. Mas esse é um filme da Netflix, e não importa se temos Joseph Fiennes que brilhou como vilão em The Handmaid Tale’s ou Omari Hardwick que durou por anos na série Power, esse é só um filme de ação que cai em vários clichês e que não consegue ser salvo nem com a melhor atuação desse mundo; algo que, repito, é feito de forma proposital.

Talvez um dos maiores problemas do filme é escolher trabalhar um gênero no lugar de uma história. Por essa razão, não ligamos quando A Mãe tenta colocar um conflito entre a personagem de Jennifer e Zoe – chega até dar pena observa-lá revirar os olhos quando esta por sua vez reclama de precisar seu celular e aposto que foi uma forma do filme tentar se conectar com essa nova era. Não deu certo, e muito menos conseguiu aumentar a simpatia por um filme que não tem sentido nenhum.

A coisa mais triste é perceber que a mesma diretora de A Mãe é a mesma que dirigiu Mulan (2020) e faz até um pouco sentido em meio a críticas sobre escolhas do enredo que também não deram muito certo.

Filme: A Mãe

Direção:Niki Caro

Elenco: Jennifer Lopez, Lucy Paez, Omari Hardwick, Joseph Fiennes, Gael Garcia Bernal, Paul Raci, Noah Crawford, Jesse Garcia

Nota: 3.0

Para quem tiver coragem ou não, A Mãe está disponível no catálogo da Netflix.

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