Critica: “Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá!” é o melhor filme de Adam Sandler?

Matheus Martins

Baseado no livro homônimo de Fiona Rosenbloom, chegou na Netflix uma “dramédia” teen bastante emocionante e engraçada. O longa compõe o número de filmes de Adam Sandler na plataforma, ao lado de Mistério no Mediterrâneo e Mistério em Páris.

Porém, mesmo com sua proposta sendo comédia, é bem capaz que seja comparado a outro filme com o ator, Arremessando Alto, por exemplo. O filme do jogador de basquete chega a ser um pouco mais dramático que este daqui, que é um perfeito coming of age, que transiona seus assuntos de uma forma delicada e linda, além de emocionante.

No filme, conhecemos as melhores amigas Stacy (Sunny Sandler) e Lydia (Samantha Lorraine), duas adolescentes de uma comunidade e escola judaica que sempre tiveram o grande sonho de terem seus bat mitzvahs de uma forma épica. No entanto, conforme estão crescendo e se entendendo melhor, uma série de erros pode afetar a amizade e estragar o sonho de uma delas.

É de conhecimento público que algumas pessoas torcem o nariz quando escutam o nome Adam Sandler em filmes de comédia (que, aliás, é gênero pelo qual é mais conhecido). O humor pastelão, batido, genérico, e, por vezes, até um pouco ofensivo, pode causar esse afastamento em dar chances a qualquer novo projeto do ator. Provavelmente, algumas pessoas não darão uma chance para esse filme, mesmo após ouvir elogios por parte da crítica especializada.

Outros irão ouvir a polêmica sobre nepotismo e decidir que não querem dar uma chance mesmo, muito embora mal saibam que esse é um dos primeiros filmes do ator que falam sobre a descendência judaica e talvez um dos mais profundos dos últimos tempos. Adam tem roubado a cena em projetos mais recentes e mais maduros como Joias Brutas e o já mencionado sobre o basquete. Mas seria injusto falar apenas do ator e não dar os créditos a quem realmente faz o filme funcionar, sua filha Sunny Sandler, que entra no papel de Stacy.

Voltando a falar sobre Stacy, a jovem está encontrando dificuldade em encontrar um tema para o seu bat mitzvá, ao passo que também está planejando o de sua melhor amiga. No meio disso, sua paixonite por um jovem adolescente, Andy, a leva a cometer as atitudes mais bizarras e cometer diversos erros. É algo que pode ser danoso para ela, já que a data que se aproxima representa um momento de ensinamento e reflexão grandioso.

Embora premissas como essa possam parecer um pouco batidas, o roteiro trata tudo de uma forma tão delicada e natural, que fica muito fácil se conectar com os problemas de Stacy. Quem é que nunca teve um impulso bobo ou cometeu algum erro na vida? Stacy tem muito a aprender, e é o que mais faz durante o filme, cometendo erro atrás de erro, e sendo madura o suficiente para entender exatamente como eles fazem mal à pessoas próximas a ela, inclusive Lydia.

Justamente esse ponto cego que a personagem tem das próprias atitudes a coloca como um design perfeito dessa história. Afinal de contas, se ela fosse apenas uma ingênua com ótimas intenções e uma péssima execução, esse filme não funcionaria do mesmo jeito.

O mesmo pode se falar sobre o fator Adam Sandler nesse filme. Sumiram as piadinhas de baixo calão, o humor forçado, aquela necessidade do ator ser uma constante no projeto para fazer uma marca. É um filme onde ele faz dupla com sua filha, sim, mas que em nenhum momento foca nisso, e estamos aliviados por isso.

Justamente o humor, que é sempre tão criticado, está uma belezura, com tiradas leves e inventivas que alfinetam a nova geração sem totalmente condena-lá. O ponto alto vai para a irmã de Stacy, Ronnie, cuja participação é apenas seu interesse em filmes slashers e a necessidade de dormir o tempo todo, aproveitar a vida. Ela é um perfeito contraste entre a tensão vivida pela irmã mais nova, e em nenhum momento é retratada como uma personagem exageradamente descolada ou egoísta demais.

A única coisa que talvez incomode no filme é o seu começo. Por ser centrado nesse clima de humor, ele já abre com essa característica de uma forma repetitiva e chata, e dá várias voltas para entendermos que determinado fator é engraçado. Tirando isso, seu ritmo é perfeito.

Não dá para dizer se esse é o melhor filme de Adam Sandler, já que não é exatamente um filme apenas dele. Mas, caso algum dia haja um rank de melhores filmes dele, essa dramédia com um toque tão sensível, com uma história tão bem construída e delicada pode sim integrar alguma futura lista nossa de melhores filmes com o ator no futuro.

Filme: Você Não Tá Convidada Pro Meu Bat Mitzvá!

Direção: Sammi Cohen

Elenco: Sunny Sandler, Samantha Lorraine, Sadie Sandler, Adam Sandler, Idina Menzel, Dylan Hoffman, Sarah Sherman, Jackie Sandler.

Nota: 9,00

O filme Você Não Tá Convidada Pro Meu Bat Mitzvá! está disponível na Netflix.

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