FOBIA: o que achei da demo do jogo de terror brasileiro? | Review – Análise

Redator Pixel

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FOBIA – St. Dinfna Hotel é um jogo indie de terror brasileiro que está em desenvolvimento desde 2018 pelo estúdio brasileiro Pulsatrix Studios.

A cada novo trailer divulgado ele vem despertando mais atenção do público, e tudo indica que o game está visando destaque internacional.

Nós do Pixel Nerd tivemos acesso à demonstração do game e eu escrevi esta análise a fim de registrar aqui minhas primeiras impressões e o que notei de pontos positivos e negativos até então.

Antes de qualquer coisa: esta é uma DEMO, ou seja, representa apenas parte do jogo final – apesar de já ter cerca de uma hora e meia de gameplay disponível.

Tenho certeza que os desenvolvedores estão cientes dos quesitos que podem ser aperfeiçoados e estão dispostos a deixar a obra ainda melhor.

Outro detalhe: gravamos um episódio do Brocast com o pessoal por trás do FOBIA e também tivemos uma entrevista bacana logo no início do projeto.

Você pode conferir nossa gameplay desta demo mais recente abaixo!

https://youtube.com/watch?v=pBDZKmC0P_g

Review de FOBIA: St. Dinfna Hotel (DEMO)

Para minha grata surpresa, o game se passa na cidade de “Treze Trilhas” (uma Treze Tílias fictícia), em Santa Catarina.

O jogador controla Roberto, jornalista que aceita investigar e apurar eventos estranhos que andam ocorrendo no Hotel Santa Dinfna, a convite de uma misteriosa “Stephanie”, circunstâncias que me remetem à trama de Outlast (pobres jornalistas…).

A demo começa com Roberto despertando em seu quarto de hotel, confuso e mentalmente desorientado.

A ambientação é soturna, escura e logo de cara você já é capaz de interagir com inúmeros itens do aposento, o que engrandece a verossimilhança da experiência.

O jogo consiste em muitos elementos de “puzzle”, convidando o jogador a buscar soluções para acessar novos quartos e progredir na gameplay.

Me peguei “travada” em mais de uma oportunidade por falta de atenção ou puro descuido.

Seu inventário é limitado, assim como as possibilidades de salvamento, portanto, há de se prosseguir com muita cautela e estratégia!

O sistema de armazenamento de itens remete ao utilizado por games clássicos do gênero, como Resident Evil.

Desse modo, eventualmente o descarte de objetos é a única opção viável, forçando o jogador a estabelecer prioridades!

Ao desbravar os andares do assombrado hotel, temos acessos a documentos e informações relevantes para a compreensão da história daquele local, além de breves e sutis tutoriais de como o jogador deve se portar nas situações tensas que vai enfrentar!

E afinal, o que vamos encontrar no Hotel Santa Dinfna?

Bem, durante a demo de FOBIA somos apresentados a uma das personagens sobrenaturais do game: a “menina-fantasma”!

A princípio, o jogador precisa adotar uma postura defensiva e passiva diante dessa ameaça, onde correr é a única saída para não morrer nas mãos da radiação emitida pela assombração.

Ao todo, a gameplay da demo dura em torno de uma hora, e esse tempo pode se estender àqueles que dedicam mais minutos à exploração de ambiente – que, por sinal, recompensa o jogador com itens essenciais, como gaze e esparadrapos para fabricação de kits médicos que recuperam sua saúde e mochilas que expandem a capacidade de seu inventário, entre demais elementos cruciais para prosseguir na história e desbloquear acesso a novos ambientes.

Os pontos altos da Demo de FOBIA

É realmente gratificante jogar um jogo do gênero de horror desenvolvido em terras tupiniquins, e testemunhar uma qualidade gráfica que está a par de muitos outros títulos indies gringos.

O cuidado com a imersão, desde o som ambiente até o uso da luz e sombra em FOBIA, é muito eficiente em transmitir sua mensagem, criar tensão e despertar a atenção do jogador.

É muito cedo para se dizer algo a respeito da história, afinal, tivemos apenas uma pequena amostra do que se passa no hotel e, como o próprio protagonista Roberto declara no fim da demo, “aquilo era só o começo”.

Rodrigo, personagem principal de FOBIA St. Dinfna Hotel

Os pontos baixos da Demo de FOBIA

Dentre os problemas que enfrentei durante a demo de FOBIA, alguns se destacaram a ponto de se tornarem incômodos.

A interação com diversos itens é uma mecânica extremamente bem-vinda para dar vida aos ambientes, porém acessar o conteúdo das gavetas pode ser uma experiência um pouco… frustrante.

Pelo menos na sensibilidade padrão, era difícil ter precisão e muitas vezes eu perdia mais segundos do que o necessário para abrir uma gaveta e coletar um item.

De modo geral, isso não prejudica o jogo, só o torna um pouco menos fluído do que o ideal, principalmente considerando que FOBIA depende da exploração por completo.

A escuridão, grande aliada da ambientação aterrorizante, também pode ser um empecilho.

Obviamente nesses momentos entram em cena ferramentas do inventário como a câmera e a lanterna, que estão presentes com o objetivo de auxiliar o jogador a se deslocar em ambientes sombrios, mas às vezes nem mesmo elas dão “conta do recado”, tamanha a obscuridade de determinados locais. Isso se torna problemático nos momentos de fuga!

Quando perseguida pela menina-fantasma pela primeira vez, simplesmente só aceitei meu destino enquanto recebia dano e estava à beira da morte, porque naquele breu eu só era capaz de dar de cara nas paredes.

É, eu morri…

Inclusive, meu encontro com a menina-fantasma foi o momento mais decepcionante e confuso da gameplay.

Fui orientada por documentos a fugir correndo da sua presença, uma vez que a mesma anuncia sua chegada “sugando” a luz do ambiente e desferindo ataques radioativos. Mas mesmo distante dela, a música de perseguição continuava, como se a sequência de fuga ainda não tivesse chegado ao fim.

Não ficou muito claro para mim o que exatamente eu deveria fazer, o que acabou resultando na morte precoce de Roberto em minha primeira – e falha – tentativa. Depois, munida da câmera com visão noturna, foi um pouco mais fácil – mas ainda assim caótico – me desvencilhar da fantasma e finalmente testemunhar o cessar da trilha de terror intensa.

Gostaria de ver com mais frequência jogos de terror que não se sujeitam exclusivamente à ausência de luz para criar uma atmosfera tenebrosa, algo recorrente em incontáveis títulos que sofrem do mesmo mal de abusar tanto do escuro que os inimigos se tornam menos ameaçadores e, consequentemente, menos eficazes.

O trailer abaixo conta com um cenário mais claro e visível, o que deixa o game mais bonito – além de menos irritante.

Inúmeros outros elementos e escolhas criativas podem ser muito mais oportunos para alcançar o efeito desejado no jogador.

Em FOBIA, há espaço para alívios cômicos BRs em essência

De maneira geral, a demo conseguiu prender minha atenção por quase duas horas e despertar meu interesse genuíno por FOBIA.

Os mistérios e segredos a serem desvendados dão autonomia à jornada do jogador em busca de respostas e resoluções, que dependem do seu comprometimento com a exploração do hotel.

O potencial do jogo é inegável, e o mesmo incorpora elementos de fórmulas de sucesso recentes na indústria de jogos de terror, presenteando um mercado nacional relativamente carente de títulos do gênero com uma abordagem extremamente on trend.

Apesar de eventuais problemas técnicos, FOBIA é um projeto independente com muito coração e dedicação visível.

Estou ansiosa para conferir o game em sua totalidade e solucionar os segredos do Hotel Santa Dinfna.

E vocês, estão preparados para sobreviver ao caos?

RESUMO

Atenção! Este jogo é uma demo, não corresponde à versão final do game. Além disso, vale ressaltar que FOBIA é feito por um time extremamente reduzido e que ainda assim foi capaz de entregar uma longa gameplay bem polida.

PONTOS POSITIVOSPONTOS NEGATIVOS
Gráficos altamente detalhadosJogo desnecessariamente escuro
Jogo muito bem programado (sem bugs)Sistema de save desnecessariamente complicado
Excelente otimizaçãoSequência de perseguição monótona
Dublado em PT-BRPouca assistência para a resolução de puzzles críticos para a evolução da história principal
História intrigante