Quem é Gabe Newell? Conheça o criador da Valve e dono da Steam

Redator Pixel

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A forma como jogamos video game no computador atualmente não seria possível sem a influência da Steam e de Gabe Newell, o criador da Valve e, atualmente, um dos caras mais bem sucedidos na indústria dos games.

Se você não conhece a lenda por trás de Lord Gaben, apresentamos aqui um pouco de sua trajetória e importância para a indústria de games, junto com alguns detakhes da história da Valve, desenvolvedora de grandes títulos como Half-Life.

Um começo conhecido

Assim como muitos dos bilionários dos anos 80 e 90, Gabe Newell começou sua caminhada rumo ao sucesso de uma forma nada recomendável para humanos normais: largando Harvard, uma das universidades mais conceituadas do mundo.

Foto retirada do ExtremeTech

Após “aprender a beber cerveja” na instituição de ensino, Newell foi trabalhar na Microsoft em 1983, onde começou a conhecer programação “pra valer”, segundo ele.

Em 13 anos na empresa de Bill Gates, Gabe auxiliou na concepção das primeiras versões do Windows, mas sua paixão por games, junto com crescimento de franquias como DOOM e Quake no PC, acabaram levando o programador a sair da empresa e se aventurar na indústria dos jogos.

Graças aos anos de trabalho na Microsoft, que se tornou uma das empresas mais valiosas do mundo nos anos 90, Gabe tinha grana suficiente para fazer uma grande investida no mercado de games. Junto com o colega Mike Harrington, ele abriu o estúdio de games Valve e começou a trabalhar em seu primeiro projeto: Half-Life.

Após deixar Harvard, Gabe fez milhões na Microsoft e fundou a Valve

O estúdio nasceu em 1996, mas o nível de perfeccionismo que os desenvolvedores queriam alcançar levou o seu primeiro game a ser lançado só em 1998. Após muito trabalho duro e feedback da comunidade gamer da época, Half-Life chegou arrasando quarteirão e se tornou um ícone dos jogos de tiro em primeira pessoa, trazendo uma narrativa extremamente elaborada para a época. Para se ter uma ideia, o título arrecadou mais de 50 prêmios de Jogo do Ano, o que é algo incrivelmente épico para a época.

O sucesso da investida de Gabe foi tão grande que o estúdio não hesitou em começar a trabalhar na sequência, Half-Life 2, tão importante para os games que sua influência ecoa até hoje na indústria.

Half-Life 2

Lançado em 2004, Half-Life 2 foi tão aclamado quanto seu antecessor e é considerado por muitos, inclusive por esse que vos escreve, a obra-prima de Gabe Newell. Na parte de narrativa, o jogo continua a excelente história de Gordon Freeman, que após trazer alienígenas para a Terra em um acidente, tem que lidar com a escravização da raça humana e a possível extinção da nossa espécie.

Mas, além disso, Half-Life 2 surpreendeu pelos seus gráficos: feito na poderosa engine Source, o jogo trouxe um gameplay mais voltado para a realidade, tornando-se uma referência para os jogos da época.

A influência de Half-Life 2 ecoa até hoje

A narrativa do game também é exemplo para jogos até hoje. Inclusive, a falta de conclusão da história deixou um vácuo no coração dos fãs que jamais foi preenchido. Os acontecimentos de Half-Life 2 foram divididos em três capítulos, mas o último nunca foi lançado.

Como relembra este vídeo do Looper, inicialmente, a previsão era que o terceiro episódio chegasse após o lançamento da Orange Box, em 2007, o que não aconteceu. Gabe, então, disse que o game seria tão maneiro que eles lançariam de forma independente, como Half-Life 3. Mais de 10 anos se passaram e até hoje não sabemos o final da épica aventura de Gordon Freeman.

A história do não-lançamento de Half-Life 3 é tão grande e interessante que merece um texto só para ela. Por enquanto, vamos focar no outro efeito colateral de Half-Life 2, que é um dos mais importantes da vida de Gabe e da Valve: a criação da Steam.

Gaben, Steam e a comunidade

Além de ser revolucionário com a história e jogabilidade de Half-Lide 2 no PC, Gabe Newell também lançou, em 2003, a Steam, uma plataforma online para vender seu mais novo blockbuster dos games.

No começo, a plataforma era fechada apenas para jogos da empresa, mas a ideia de um local onde você podia comprar games online e baixá-los direto no PC era tão interessante que acabou rendendo grandes frutos e mudando a forma de como consumimos games no computador.

Steam: tudo o que você precisa saber sobre a plataforma

Com o crescimento do interesse do público e também de desenvolvedoras, a Valve abriu as portas da Steam para publishers e devs independentes e se tornou, com o passar dos anos, o padrão de compra de jogos no PC.

O negócio deu tão certo que Gabe Newell praticamente parou de fazer jogos de grande orçamento e, mesmo assim, possui uma fortuna de US$ 4,1 bilhões. Após a consolidação da Steam, que se tornou a principal fonte de renda da Valve com microtransações e vendas, todos as principais franquias da empresa vieram de “apostas” de Gabe Newell na comunidade.

As principais franquias atuais da Valve surgiram de mods

Se isso deu certo? Os números da própria Steam podem responder: dois dos três games mais jogados na plataforma atualmente são da empresa de Gabe e vieram de modificações feitas pela comunidade.

Do mesmo jeito que ouvia os jogadores em fóruns quando estava começando a fazer Half-Life, Gabe investiu em mods criados pela comunidade e pequenos estúdios nos últimos 20 anos. Team Fortress, famosa franquia da Valve que traz elementos presentes em jogos atuais como Overwatch e Battle Carnival, nasceu de um mod para Quake nos anos 90.

Gabe Newell em arte conceitual de uma skin de Team Fortress 2, feita pela comunidade

A franquia Counter-Strike nasceu a partir de uma modificação de Half-Life feita por dois jogadores, que posteriormente foram contratados pela desenvolvedora para fazer a versão oficial, lançada em 2000, abrindo portas para o mundo dos FPS competitivos.

Dota 2, lançado em 2013, é o sucessor de Defense of the Ancients, modificação de Warcraft III que ganhou apoio e estrutura da Valve e se tornou o game com mais jogadores ativos da companhia, perdendo a liderança na Steam apenas para o sucesso estrondoso de Playerunknown’s Battlegrounds, no ano passado.

O game, conhecido por ser o maior antagonista de League of Legends, se destaca atualmente por seus campeonatos de e-sports que movimentam milhões de dólares, e que quase sempre contam com a presença ilustre de Gabe Newell.

As franquias Portal e Left 4 Dead vieram de aquisições feitas pela empresa de Gabe: a Valve encontrou os desenvolvedores com projetos promissores e resolveu contratar o time inteiro, dando estrutura e mais poder para as equipes fazerem seus jogos.

 O futuro de Gabe e da Valve

Apesar do alto faturamento da Valve ser fruto da comunidade e as pessoas continuarem comprando jogos e itens na Steam, a popularidade de Gabe com os jogadores não está muito boa nos últimos tempos.

Além de não dar notícias concretas sobre Half-Life 3, que possivelmente nunca vai acontecer, a Valve apresentou dois novos jogos que não são muito animadores: o casual Bridge Construction Portal e Artifact, um jogo de cartas de Dota 2.

Isso mostrou que os planos da desenvolvedora de Gabe Newell podem continuar longe de jogos de grande orçamento e com foco na história. Por outro lado, agora em 2018, a Valve adquiriu a Campo Santo, desenvolvedora responsável pelo aclamado game narrativo Firewatch, o que pode ser uma faísca de esperança no mar de microtransações que move a empresa.

Apesar do futuro dos games da Valve ser incerto, os investimentos da empresa em hardware para o futuro tem nome: realidade virtual. Em parceria com a HTC, a Valve lançou a linha de headsets VR Vive, além da plataforma SteamVR, que se tornou uma das mais importantes para o segmento.

Apesar de Gabe não gostar de consoles, a
Valve deve fechar cada vez mais os seus produtos

No começo de 2018, Gabe disse que a empresa deve fazer investimentos para criar um “ecossistema” com seus produtos. O desenvolvedor acredita que o PC vai caminhar para plataformas cada vez mais fechadas, graças a influencia da Microsoft e Apple.

“Isso começou a nos preocupar, porque achamos que a força do PC está em sua abertura. Então começamos a fazer investimentos para compensar isso”, explicou Gabe Newell.

Desde quando começou a fazer jogos, Gabe Newell não mostrava-se amistoso a essa ideia, que predomina no mercado de consoles. Porém, como a indústria como um todo acabou andando para esse lado, a Valve até lançou as Steam Machines em 2015, que eram uma espécie de console que rodava o Steam OS. Apesar do conceito inteligente, a ideia não foi para frente.

Com a Valve caminhando para um futuro cada vez mais fechado, é possível que vejamos novos jogos da empresa com foco em realidade virtual, para dar ainda mais valor ao SteamVR e HTC Vive. Quem sabe até tenhamos novos hardwares da empresa para rodar a Steam, nunca se sabe.

Enquanto isso não acontece, pode ter certeza que Gabe está ganhando bastante dinheiro vendendo skins de PUBG e CS:GO, e o sonho de ver um Half-Life 3 se torna cada vez mais distante ( por enquanto, pelo menos).

E, se você é empresário e quer ter Lord Gaben como inspiração, fica a dica: não largue Harvard sem antes ter milhões para fazer seu negócio acontecer.

Quer conhecer outra lenda da indústria de games? Leia o nosso texto sobre Hideo Kojima!

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