O brasileiro que transformou Zelda: Breath of the Wild e apresentou Dollynho para o mundo

Redator Pixel

The Legend of Zelda: Breath of the Wild é f#da. O título lançado pela Nintendo em 2017 marcou a chegada do Switch no mercado de games, alavancou as vendas da arma da empresa japonesa na guerra dos consoles e abocanhou o prêmio de Jogo do Ano no Game Awards, a premiação considerada por muitos o Oscar dos video games.

Sucesso tanto com o público quanto com a crítica especializada, o game também vendeu quase 7 milhões de cópias antes mesmo de comemorar um ano de lançamento, tornando-se o segundo jogo mais vendido da franquia Legend of Zelda.

Enfim, Breath of the Wild é um jogo excepcional, até mesmo nas partes mais polêmicas. Além de chamar a atenção pela qualidade, o game ganhou os holofotes logo após sua chegada ao mercado graças a “versão para PC”. O principal título do Switch também foi lançado para Wii U e logo nas primeiras semanas foi adaptado para rodar em computadores via emulador.

Como já é comum, o port para PC abriu um leque de possibilidades para o game, incluindo texturas em resolução 4K, mais quadros por segundo e, claro, diversas modificações feitas pela comunidade.

Em uma rápida pesquisa no YouTube é possível encontrar o protagonista Link nas mais variadas situações ou, então, substituído por heróis: Mario, CJ de GTA San Andreas, Shrek, Goku e… o Dollynho.

No final de 2017, as modificações do game ganharam a mídia internacional e o icônico mascote do refrigerante brasileiro chegou a estampar a página inicial de grandes sites como o PC Gamer. No Brasil, até o G1 noticiou o acontecimento.

Buscamos a mente por trás dessa estranha genialidade e, como era de se esperar, só um brasileiro consegue alcançar esse nível de zoeira.

Quem colocou o Dollynho no Zelda?

O desenvolvedor por trás das modificações que mais ganharam fama do novo Zelda é Wilian da Silva Marian, que, do conforto seu quarto em Curitiba, conseguiu deixar o jogo do ano mais brasileiro com seu computador pessoal.

Apesar de ter mostrado habilidade colocando CJ e Dollynho como protagonistas do título da Nintendo, Silva leva os mods como um hobbie que aprendeu durante o tempo livre na internet.

O desenvolvedor de 19 anos trabalha fazendo games para Android e, no tempo livre, estuda e aprende mais sobre programação e mods. Há mais de 8 anos dentro desse mundo, Silva disse que já possui experiência com modelagem, animação 3D e programação, e também já fez modificações para GTA V antes de entrar de cabeça em Hyrule.

“Parei o que estava fazendo por
um mês para focar nos mods”

 

O amor por Breath of The Wild veio logo nos primeiros gameplays e, assim que o jogo chegou ao emulador CEMU, que finge ser o Wii U no computador, o desenvolvedor aproveitou para treinar suas skills e se divertir. “Parei o que estava fazendo por um mês para focar nos mods”.

Criar mods para o novo Zelda “virou um vício” para o desenvolvedor e, em pouco tempo, diversas versões alternativas do game foram criadas. Segundo Silva, o primeiro mod, que coloca CJ em Hyrule, demorou cerca de 3 dias para ficar pronto. Com o domínio das ferramentas, o tempo de criação diminuiu para aproximadamente quatro horas.

O canal do YouTube do modder mostra o engajamento do desenvolvedor, além do apoio da comunidade. Wilian conta que a ideia para o mod do Dollynho surgiu de um comentário vindo de um espectador. “Um cara comentou ‘Quando sai o Dollynho?’ Não pensei duas vezes, respondi: ‘Espero que amanhã.’ E, no dia seguinte, fiz o mod e o vídeo”.

A Nintendo costuma ser bastante rígida em relação aos seus conteúdos e constantemente “briga” com desenvolvedores ou youtubers por utilizarem seus games em vídeos, algo que vai totalmente contra o pensamento do restante da indústria, que incentiva a produção de gameplays e streamings.

Quanto a prática de emulação, o buraco é ainda mais embaixo: a empresa é extremamente declara em seu site que os emuladores “são uma ameaça” para a indústria de games. Apesar de fazer vídeos com um game da Nintendo sendo emulado, Wilian só teve uma produção bloqueada pela empresa. Será que o Dollynho amoleceu o coração da Big N?

Busquem conhecimento

Mais do que uma história mostrando o poder do humor dos brasileiros, o caso de Wilian também mostra o poder da internet para fins educacionais. Segundo o desenvolvedor, praticamente todo seu conhecimento veio da web.

“Comecei lá por 2009 e estudei por conta própria, só fazendo pesquisas em fóruns e principalmente no YouTube. O YouTube é o melhor professor”

Segundo Wiliam, a “brincadeira” acabou ganhando mais força quando seus projetos para Android, feitos quando ele tinha 16 anos, começaram a gerar receita. Hoje, ele praticamente vive do dinheiro vindo de games lançados na Play Store. Super Craft Bros, um dos apps feito por Wilian que une elementos de Mario e Minecraft, soma mais de 500 mil downloads.

Quando perguntado se William trabalharia em um grande estúdio se recebesse um convite, o desenvolvedor repondeu que possivelmente negaria a oferta. “Não consigo me ver trabalhando em uma empresa de games”.

O desenvolvedor contou que tem dificuldades para estudar sob pressão, e a internet forneceu ferramentas para que pudesse não só aprender sobre games, mas viver disso. “A internet pode mudar a vida de alguém”, declarou Wilian.

No fim de janeiro, o governo e a Abragames iniciaram uma série de cursos gratuitos sobre a indústria de games brasileira, abrindo uma porta para novos desenvolvedores que pensam em entrar na área de jogos eletrônicos.

Quem prefere seguir os passos de Wilian e ser mais prático, basta explorar a internet. Um bom ponto de partida são as dicas de como começar a ser um desenvolvedor que demos aqui no site. Quem sabe você seja o desenvolvedor de um game indie de grande sucesso, ou o próximo brasileiro a surpreender o mundo com sua irreverência.

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