A cultura do cancelamento é um fenômeno que se tornou mais proeminente com o crescimento das redes sociais e a facilidade de compartilhamento de informações online. Ela se refere a um comportamento em que indivíduos ou grupos são “cancelados” publicamente, geralmente nas redes sociais, devido a algum comportamento considerado ofensivo, problemático ou inadequado.
O cancelamento geralmente ocorre quando um indivíduo é acusado de ter feito algo que vai contra os valores ou normas sociais aceitas por um grupo específico. Isso pode incluir declarações racistas, sexistas, homofóbicas, transfóbicas, xenofóbicas, além de ações problemáticas como assédio, abuso, entre outros comportamentos prejudiciais.
Uma vez que alguém é “cancelado”, isso geralmente resulta em uma intensa reação negativa, incluindo boicotes, críticas, denúncias e até mesmo repercussões profissionais, como perda de emprego ou oportunidades de negócios. As redes sociais têm desempenhado um papel fundamental na disseminação do cancelamento, pois proporcionam uma plataforma para que as pessoas expressem sua indignação e exerçam pressão social.
No entanto, é importante observar que a cultura do cancelamento também tem sido objeto de debate. Alguns argumentam que ela pode ser uma forma de responsabilização importante, enquanto outros acreditam que pode levar a exageros, falta de diálogo construtivo e consequências desproporcionais para as ações das pessoas. Há também preocupações sobre a justiça e imparcialidade do cancelamento, pois nem sempre é baseado em um processo justo de investigação e consideração dos fatos.
Como funciona a cultura do cancelamento nas redes?
A cultura do cancelamento nas redes funciona da seguinte forma: quando alguém tem uma atitude ou opinião considerada ofensiva ou inadequada por um grupo de pessoas, essas pessoas se mobilizam para criticar, boicotar e excluir essa pessoa do meio digital. Isso pode afetar a reputação, o emprego e a vida pessoal do cancelado. A intenção é fazer uma justiça social e responsabilizar o cancelado pelo seu erro.
Depois que uma pessoa é linchada virtualmente, ela pode sofrer diversas consequências na sua vida pessoal e profissional. Ela pode perder o emprego, ter medo de sair em público, sofrer crises de ansiedade e depressão e precisar de anos de terapia para se recuperar. Em relação à sua conta nas redes sociais, ela pode optar por desativá-la, apagar as publicações que geraram o linchamento, bloquear os agressores ou tentar se defender e se desculpar.
Qual tipo de atitude causa mais cancelamento?
Não há um tipo único de atitude que mais causa um cancelamento, pois isso depende do contexto e do público que está envolvido. No entanto, algumas das causas mais comuns são: comentários ou comportamentos considerados racistas, homofóbicos, machistas, transfóbicos ou preconceituosos de qualquer forma; apoio ou conivência com governos extremistas ou autoritários; opiniões divergentes sobre assuntos polêmicos ou populares; e erros ou falhas morais que afetam a credibilidade ou a imagem de alguém.
Um exemplo de atitude de caso de cancelamento foi da influencer Viih Tube, que a tornou famosa aconteceu em 2016, quando ela tinha apenas 16 anos. Ela postou um vídeo no Snapchat em que aparecia cuspindo na boca do seu gato de estimação, que estava dormindo. Ela disse que era uma brincadeira e que estava ensinando seus seguidores a “como alimentar um gato dormindo”.
O vídeo gerou revolta na internet e o nome da youtuber foi parar nos trending topics do Twitter. Ela recebeu muitas críticas, ofensas e até agressões por causa do seu ato, que foi considerado uma crueldade com o animal.
Outro grande caso de cancelamento foi o da MC Pipokinha, que aconteceu em março de 2023, quando ela fez uma declaração polêmica sobre os professores em uma caixa de perguntas no Instagram. Ela debochou do trabalho e do salário dos profissionais da educação, dizendo que ganhava até R$ 70 mil com seu show, enquanto os professores recebiam quase nada. Ela também disse que ser professor era ser humilhado e que eles não tinham nada para fazer em casa.
A fala da funkeira gerou revolta na internet e ela foi criticada por muitas pessoas, inclusive por artistas e educadores. Ela também teve vários shows cancelados em diferentes estados, como Espírito Santo, Distrito Federal, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, São Paulo e Minas Gerais. Alguns contratantes alegaram que não compactuavam com a opinião da cantora e que respeitavam os professores.
Após o cancelamento, a equipe jurídica da MC Pipokinha se pronunciou nas redes sociais da artista e disse que ela se expressou de maneira dúbia e que não teve a intenção de ofender os professores. Eles também disseram que ela vinha sofrendo ataques gratuitos na internet por ser atuante em questões de empoderamento feminino e por estar em constante crescimento na mídia.