Após quatro anos em hiatus, Black Mirror, série antológica da Netflix que fala sobre o lado caótico das telas em que vivemos tão grudados, irá retornar finalmente com sua sexta temporada e um elenco pra lá de surpreendente. Então, para comemorar uma notícia tão boa como essa, nós do Pixel Nerd resolvemos relembrar alguns dos episódios mais icônicos que já passaram pela série britânica.
Sobre Black Mirror
Black Mirror é uma série de televisão britânica de ficção científica que explora um futuro próximo onde a natureza humana e a tecnologia de ponta entram em um perigoso conflito Cada episódio é uma história independente, que geralmente se passa em um presente alternativo ou em um futuro próximo. Criada por Charlie Brooker, a produção foi transmitida pela primeira vez na emissora Channel 4, no Reino Unido, em dezembro de 2011. Em 2015, a Netflix comprou a série e produziu mais três temporadas, além de um filme interativo chamado “Bandersnatch”.
Black Mirror é conhecida por seus temas obscuros e satíricos, que criticam a sociedade moderna e as consequências imprevistas das novas tecnologias. A série recebeu aclamação da crítica e vários prêmios, incluindo seis Emmys.
A série ficou em hiato por quatro anos, desde o lançamento da quinta temporada em 2019, com participação da estrela do pop, Miley Cyrus, e o astro da Marvel, Anthony Mackie que interpreta o Falcão. Na época, Brooker disse que precisava de uma pausa para se concentrar em outros projetos e também porque o mundo real estava muito sombrio para se inspirar naquele momento.
Sem mais delongas, vamos aos episódios mais bem-avaliados pela crítica!
12. Bandersnatch (Filme Interativo da Netfflix)
O filme Bandersnatch, estrelado após a quarta temporada e a quinta, foi lançado em dezembro de 2018 e permite que o espectador faça escolhas que afetam o destino do personagem principal, Stefan, um jovem programador que tenta adaptar um romance fantástico para um videogame. O filme tem múltiplos finais, dependendo das decisões do espectador, e alguns deles são bem sombrios e violentos.
Bandersnatch foi inspirado em um jogo de mesmo nome que foi desenvolvido na década de 1980, mas nunca foi lançado por causa da falência da empresa responsável. Esse capítulo especial da série (mas não o único, é importante frizar) faz referências a outros episódios de Black Mirror e a elementos da cultura pop da época.
Embora tenha sido genialidade pelo formato novo (e único) de contar uma história, a ideia vendeu bem temporariamente, e foi critica por não ter um foco na personalidade do personagem principal como todos os outros episódios da série fazem tão bem.
11. Toda a Sua História: 1ª Temporada, episódio 3
Já Toda a Sua História é um dos episódios mais conhecidos da série, um clássico que se aprofunda mais próximo da realidade em que vivemos. Nele, pessoas possuem uma espécie de chip que é capaz de reproduzir e gravar as memórias das pessoas, chegando ao ponto de ser obrigatório mostrar tudo o que você fez nas últimas 24horas antes de embarcar no aeroporto, por exemplo.
Descrita como uma das melhores ofertas de Brooker para série, logo no começo quando Black Mirror não era tão conhecida, o episódio é tenso e fala sobre a desconfiança de Liam, um homem que suspeita que sua mulher esteja sendo infiel.
O final do episódio é um dos mais assombrosos da série com um desfecho catártico que seguiria tantos outros da produção.
10. San Junipero: 3ª Temporada, episódio 4
Um dos favoritos dos fãs, San Junipero se passa em uma cidade litorânea que tem o nome do episódio, e onde a tímida Yorkie (Mackenzie Davis) conhece a extrovertida Kelly (Gugu Mbatha-Raw) em uma boate nos anos 80. As duas se apaixonam e vivem momentos românticos na cidade, que na verdade é uma realidade simulada onde os idosos podem habitar, mesmo após a morte. Yorkie e Kelly enfrentam dilemas sobre seus destinos e suas escolhas, e precisam decidir se querem ficar juntas em San Junipero ou não.
Por ter um ar mais romântico e otimista, além da representatividade, o episódio é descrito também como um dos mais emocionantes e com uma sequência de cenas de dança descrita como a “melhor de todos os tempos” pelo público.
9. Hang the Dj: 4ª Temporada, episódio 4
Outro episódio romântico é Hang The DJ (Pendure o DJ) mais focado em aplicativos de relacionamento – mais precisamente numa história de amor na era dos aplicativos de namoro em uma sociedade isolada por uma redoma. Os casais são unidos por um sistema operacional que promete achar seu “amor verdadeiro”.
No centro do episódio, temos Amy e Frank, que, apesar de se sentirem “certos” um para o outro, veem seu tempo para ficarem juntos chegar ao final muito rápido. Frank, o mais decidido a lutar por esse “amor” decidem lutar contra o sistema construído pela redoma para ficarem juntos.
Com um final bem a cara de Black Mirror, o episódio foi bem elogiado por ter esse senso de esperança que outros da série não tem, mas sem largar a essência construída ao longo de tantos anos.
8. Volto Logo: 2ª Temporada, episódio 1
Outro clássico do tempo em que a série ainda não era conhecida, Volto Logo fala sobre luto e superação, e é também um dos mais bem emblemáticos. Em um mundo tão avançado, a ideia de poder conversar e até mesmo interagir novamente com pessoas que já morreram não é só polêmica, mas bem atrelada a realidade que vivemos se considerar os perfis de pessoas que já estão mortas ainda estarem no ar depois de tanto tempo ser uma coisa bizarra.
Volto Logo conta a história de Martha e Ash, um casal que vive em um futuro próximo onde a tecnologia permite recriar a personalidade de uma pessoa morta a partir de seus dados nas redes sociais. Ash morre em um acidente de carro e Martha, desesperada, aceita usar um aplicativo que simula a voz e o comportamento de seu namorado. O aplicativo evolui para uma versão mais avançada que permite criar um corpo sintético idêntico ao de Ash. Martha então se vê presa em uma ilusão que a impede de superar o luto e seguir em frente.
O episódio foi elogiado por abordar temas como o apego, a negação, a impermanência e o uso excessivo das redes sociais, além de mostrar de forma interessante como a tecnologia pode ser usada para escapar da realidade e evitar enfrentar as emoções dolorosas. Ele também questiona os limites éticos e morais da inteligência artificial e da manipulação da memória.
7. Urso Branco: 2ª Temporada, episódio 2
O episódio Urso Branco de Black Mirror é o segundo da segunda temporada da série. Ele conta a história de Victoria, uma mulher que acorda sem memória em um mundo onde as pessoas são controladas por um sinal que as faz filmar tudo com seus celulares. Ela é perseguida por caçadores mascarados e tenta escapar com a ajuda de algumas pessoas que resistem ao sinal.
No final, é revelado que tudo faz parte de um parque temático que leva o nome do episódio, onde Victoria é punida diariamente pelo seu envolvimento no assassinato de uma criança. Ela é drogada e tem sua memória apagada a cada noite, para reviver o mesmo terror no dia seguinte.
É um dos episódios mais catárticos da série por apresentar de maneira tão impactante esse espelho da sociedade onde a podridão humana permite com que mídias se aproveitem das dores de famílias e pessoas traumatizadas para gerarem mais dinheiro e disseminar a violência de forma gratuita.
6. Versão de Testes: 3ª Temporada, episódio 2
Em Versão de Testes, Cooper (Wyatt Russell) é um viajante americano que se inscreve para testar um novo sistema de jogo revolucionário, mas descobre que as emoções são mais reais do que imaginava.
É um dos mais bem feitos, além de ser tenso e ter um final desolador para o protagonista como todos os outros. Foi elogiado por se inclinar em um aspecto mais humano do que os outros episódios, sem se desviar da premissa que Black Mirror deve ter.
5. Nosedive: 3ª Temporada, episódio 1
Fruto da primeira temporada produzida pela plataforma, Nosedive chamou muita atenção não só por ter Bryce Dallas Howard de Jurassic World, mas também por ter uma crítica social sobre a crueldade das redes sociais e o jeito como likes e a busca por aprovação de desconhecidos nos afasta mais ainda da nossa humanidade.
Lacie é obcecada por aumentar sua pontuação para conseguir um desconto em um apartamento de luxo, e aceita o convite de sua amiga de infância Naomi, uma influenciadora digital com uma pontuação alta, para ser sua dama de honra em seu casamento. No entanto, sua viagem para o casamento se torna um pesadelo quando ela enfrenta vários contratempos que fazem sua pontuação cair cada vez mais.
4. USS Callister: 4ª Temporada, episódio 1
Um dos mais inteligentes, USS Callister faz uma crítica direta a comunidade tóxica e misógina de toda produção cultural, antes mesmo dessa tática se tornar moda.
Neste episódio, Robert Daly (Jesse Plemons) é um programador de jogos que cria uma versão modificada de um jogo de realidade virtual inspirado em uma série de ficção científica chamada Space Fleet. Nessa versão, ele é o capitão da nave USS Callister e mantém cópias digitais de seus colegas de trabalho como reféns, forçando-os a participar de suas aventuras espaciais e submetendo-os a torturas se eles desobedecerem. Um dia, ele adiciona uma nova cópia ao jogo: Nanette Cole (Cristin Milioti), uma programadora que ele tem uma paixão platônica. Nanette se rebela contra Daly e lidera uma fuga junto com os outros prisioneiros.
O episódio explora muito bem temas como abuso de poder e até explora um pouco a solidão, além de ter um elenco bastante contagiante que quase nos fez torcer pela probabilidade de um spin-off.
3. Natal Branco: Especial de Natal
Mais um especial da série, Natal Branco encontra a história de Matt (Jon Hamm) e Joe (Rafe Spall), dois homens que estão isolados em um posto remoto no meio de uma nevasca. Eles conversam sobre seus passados e revelam como chegaram até ali.
O episódio é dividido em três histórias que se conectam no final. A primeira história mostra como Matt era um treinador de relacionamentos que usava um dispositivo de realidade aumentada para orientar seus clientes na arte da sedução. Ele acaba se envolvendo em um caso trágico quando um de seus clientes morre após se envolver com uma mulher instável.
A segunda história mostra como Joe era casado com Beth (Janet Montgomery), que o bloqueou após uma briga e levou consigo a filha deles. Joe passou anos tentando ver sua filha e descobrir se ela era realmente dele, mas acabou cometendo um crime terrível.
A terceira história mostra como Matt trabalhava para uma empresa que extraía cópias digitais da consciência das pessoas e as transformava em assistentes virtuais personalizados, chamados de cookies. Ele torturava os cookies para que eles obedecessem aos seus donos humanos e realizassem tarefas domésticas.
No final, é revelado que Matt e Joe estão na verdade em uma simulação virtual, e que Matt é um investigador que está tentando extrair uma confissão de Joe pelo crime que ele cometeu.
2. O Hino Nacional: 1ª Temporada, episódio 1
O primeiro episódio da série claramente tinha que entrar no TOP 3.
Em O Hino Nacional, o primeiro-ministro britânico Michael Callow (Rory Kinnear) é chantageado por um sequestrador anônimo que ameaça matar a princesa Susannah (Lydia Wilson), uma membro querida da família real, a menos que ele faça sexo com um porco ao vivo na televisão nacional.
O episódio mostra como a mídia, a internet e a opinião pública influenciam e pressionam o primeiro-ministro a tomar uma decisão humilhante e traumática, e como as pessoas reagem ao espetáculo macabro que se desenrola diante de seus olhos.
Muitos atentam Hino Nacional como uma ótima forma de mostrar o tom da série que, apesar de ser futurística, ocorre em um cenário não muito diferenciado de onde estamos no momento.
1. 15 Milhões de Méritos: 1ª Temporada, episódio 2
Em último lugar, o episódio mais bem-avaliados da série é 15 Milhões de Méritos, que é estrelado por Daniel Kaluuya de Corra! e Pantera Negra.
Neste episódio, Bing (Kaluuya) é um jovem que vive em uma sociedade distópica onde as pessoas devem pedalar em bicicletas de exercício para gerar energia e ganhar uma moeda chamada Mérito. As pessoas são constantemente bombardeadas por propagandas e programas de entretenimento que não podem ignorar sem pagar uma multa. As pessoas obesas são discriminadas e humilhadas como cidadãos de segunda classe. Bing se apaixona por Abi, uma garota que tem um talento para cantar. Ele a convence a participar de um show de talentos chamado Hot Shot, que promete uma chance de escapar da vida monótona e opressiva. Bing gasta todos os seus 15 milhões de méritos, que herdou de seu irmão morto, para comprar um bilhete para Abi entrar no programa.
Apontado como um importante crítico aos reality shows, às publicidades e propagandas que tantos nos cercam, 15 Milhões de Méritos é aclamado pelo seu final perturbador e por surpreendentemente tocar em temas que praticamente se concretizaram diante dos nossos olhos nos últimos anos: personalidades que se “rebelam” contra um sistema só para acabarem se tornando um produto delas.
Você sabia?
O primeiro episódio da quinta temporada, intitulado Striking Vipers foi gravado em São Paulo.
Algumas das locações usadas no episódio foram o Viaduto Santa Ifigênia, a Avenida Paulista, o Edifício Copan, o Edifício Três Marias, o Jericoacoara Bar e a sede da Folha de S. Paulo. As gravações ocorreram entre março e abril de 2018 e envolveram cerca de 150 profissionais.
Neste episódio, dois amigos se reencontram através de um jogo de realidade virtual que simula um jogo de luta. O episódio mostra como a tecnologia pode afetar as relações humanas e a identidade sexual.
A nova temporada de Black Mirror estreia em junho deste ano, ainda sem data definida, estrelando Aaron Paul de Breaking Bad Salma Hayek de Os Eternos.