Crítica | “Máfia da Dor” é filme irônico sobre crise de opióides, mas erra a mão

Matheus Martins

A Netflix adicionou nesta semana seu mais novo filme ambicioso, Máfia da Dor, estrelado por Emily Blunt e Chris Evans, um drama com ares de história de sucesso inspirado na crise de opióides dos Estados Unidos e numa história real.

Na trama, conhecemos a mãe solteira Liza Drake, que trabalha em um strip-club e leva uma vida onde precisa garantir que sua filha tenha um futuro. Um dia, seu caminho cruza com o gerente de vendas, Pete Brenner, que a convida para sua empresa. Ao chegar, Liza se depara com um mundo de falcatruas e crimes que irão mudar sua vida.

Confira nossa crítica sobre o mais novo projeto milionário da Netflix.

Assim que entra na startup farmacêutica, Liza percebe que tem o que é preciso para aumentar o número de vendas e salvar a empresa da falência, a partir do momento em que consegue a assinatura de um médico para a receita de um analgésico. Em pouco tempo, a empresa deslancha nas vendas através das infames conferências, que passam a de tornar o maior meio de entrada para alavancar as vendas ilegais.

A justificativa? Outras empresas fazem o mesmo, então nada mais justo do que eles também o fazerem como um modo de se colocar à frente no mercado obscuro das farmacêuticas.

É claro que nem tudo pode ser perfeito. Logo, o negócio é desmantelado pela polícia que fica de olho em todos os envolvidos e passa a tornar muitos dos funcionários contra o caminho fácil entre Liza e Pete.

Apesar do tema oportuno da crise dos opióides, na prática o filme não funciona na parte em que mais precisa fazer sentido: a parte real na qual realmente é baseada, onde se trocam os fatos históricos do esquema por uma história de drama mais pessoal da personagem interpretada por Liz, o que não é ruim, mas imagine chegar em um filme com uma temática tão séria e acabar mais rindo do que se importando com um tema tão atual?

É como se ao assistir o filme, também acabemos presos em algo que vai ligeiramente sendo desmantelado, não um esquema, mas uma produção que poderia ter tido o cuidado de ser tão clichê.

As atuações de Blunt e Evans estão calmas, meras sombras de projetos anteriores, em essencial Emily que teve um protagonismo importante no Oppenheimer de Nolan, mas que aqui é uma representação atual do feminino atual do século XXI, com mães superando dificuldades e prevalecendo num mundo de oportunidades desiguais, o que não é ruim, só não tem nada a ver com a obra inspirada.

Apesar disso, a história é cativante por possuir personagens que podemos nos ligar com facilidade, como o médico interpretado por Briand d’Arcy James ou a relação cativante entre Pete e Liz, que vai ficando mais próxima, cada vez mais unida ao passo que alavancam nas carreiras, embora um exemplo mais prático disso fosse melhor aproveitado pelo texto e roteiro.

O que dá vergonha de assistir é Andy García, um ator que não é dois piores, ser arruinado por uma história que torna seu personagem caricato, de uma forma ruim e que tenta nos convencer que milionários são dois de pedra, ao invés de gananciosos inescrupulosos.

As sequência de música e festas que acontecem aos montes em cortes do filme parecem maior que o estilo documentário mostrado na introdução, e parecem meio apelativas para um diretor como David Yates, de Harry Poyter, que já soube o que fazer antes.

Filme: Máfia da Dor

Direção: David Yates

Elenco: Emily Blunt, Chris Evans, Andy García, Brian d’Arcy James.

Nota: 6,00

O longa está disponível na Netflix.

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