Crítica: “Nimona” é animação promissora do ano

Matheus Martins

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Recusada pela Disney por motivos óbvios, Nimona é uma das grandes surpresas do ano que facilmente integra a grade de animações caprichosas lançadas em 2023, ficando par a par com Super Mario Bros. e Gato de Botas 2 – O Último Desejo.

O projeto foi um dos títulos resgatados após o fechamento da Blue Sky em 2021, com o longa ainda em produção. Após diversos adiamentos que empurraram a produção para 2022, Patrick Osborne finalmente deu as costas para o Walt Disney Studio, no que resultou na animação que está em destaque na Amazon.

Passado em uma era ao mesmo tempo medieval e moderna, a adaptação do Graphic Novel de ND Stevenson começa a história em mundo fantástico e futurista, com hologramas e cavaleiros, dragões e terras atravessadas por arranha-céus. Partindo do ponto de Bollister Boldheart, entendemos que nem todos da cidade estão disposto a aceitar cavaleiros diferentes na guarda real, o que provoca uma imagem de preconceito e várias críticas sociais.

Quando é chegado um dia mais do que importante para Bollister, vemos o personagem acabar por cair em um acidente (lê-se armação) matando a rainha do reino e ganhando a fama de assassino, embora não tenha sido de fato o culpado.

Se passam anos de exclusão, até que começamos a história com Nimona; uma jovem de cabelo rosa que rapidamente ganha nossa simpatia, apesar de estar procurando por um vilão para se aliar e ver em Ballister a figura ideal.

Quando finalmente o encontra, e mesmo após descobrir que ele está procurando provar sua inocência, Nimona não consegue se desconectar dele, ou de provoca-lo, ou de insistir que ele veja a exclusão como uma oportunidade para abraçar a vilania.

E a certa altura do começo da história, nós não conseguimos também. A amizade entre Nimona e Ballister é divertida e emocionante logo de cara. Ficamos sem fôlego com o vai e vem entre essas personagens, e o tanto de espaço que é dado para que elas se desenvolvam sem que descubramos quais são suas reais intenções.

Outros elementos da animação também ajudam: ter personagens por quem dá gosto torcer, a representatividade que é discretamente pincelada sem medo, o arco do herói que não é nada de novo, mas que é feito de maneira tão inovadora que sentimentos que é uma história nova jamais contada antes.

E, de fato, o é. São raras as animações que contam esse tipo de história com um protagonista abertamente gay que se declara com direto a beijos sem sofrer represálias de uma parcela da audiência que busca demonizar relações homoafetivas. Já faz quase um mês que Nimona chegou ao streaming e não foi rechaçada da forma como Lightyear foi na sua estreia ao exibir um (rápido) beijo entre duas mulheres.

Mas Nimona chega a ser tão maior que isso que é um tanto injusto continuar batendo apenas na tecla dessa ótima representação para elogia-lá. A arte unida a escrita, roteiro e a dublagem bem-feita contribuem para um produto caprichado e bem-feito, muito capaz de se destacar sem exageros no mar de mesmas animações d gênero.

Em outras palavras, Nimona parece um filme da DreamWorks, mas sem qualquer toque da DreamWorks. Faz sentido?

Com uma história bem contada, visuais e um elenco tão incrível em jogo e uma história tão emocionante quanto, dá pra bater o martelo e dizer que a animação pode concorrer ao posto de tantas listas de filmes favoritos do ano. E tendo a Netflix como seu carro-chefe, só podemos aguardar que muito mais da Graphic Novel seja considerado pelo streaming que é viciado em transformar tudo que dá certo no catálogo em máquina de fazer dinheiro.

Filme: Nimona

Direção: Patrick Osborne

Elenco: Chloe Grace Moretz, Diz Ahmed, Eugene Lee Yang, Rupaul, Frances Conroy, Beck Bennett.

Nota: 10,00

Nimona está disponível na Netflix.

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