Crítica | “Yu Yu Hakusho” é mais um acerto da Netflix

Matheus Martins

Após um sucesso impressionante da obra de Oda, é mais do que certo que tudo que a Netflix quer apostar no momento é em mais adaptações das obras do ocidente, já que muitos projetos estão confirmados como My Hero Academy, Naruto e muitas outras produções confirmadas.

Dentre eles, o saudoso Yu Yu Hakusho despertou parte da comunidade otaku, que ficou bastante interessada em ver se o streaming conseguiria atingir o feito de acertar o raio no mesmo lugar duas vezes.

Nós do Pixel Nerd já conferimos os cinco episódios da primeira temporada da série e temos a nossa crítica sobre a produção. Confira abaixo!

Uma das primeiras coisas a se perceber sobre o live-action de Yu Yu Hakusho é que a série é na verdade uma mini-série – são apenas cinco episódios para adaptar a história do nosso Yusuke Urameshi, o jovem que transita do mundo dos humanos para o sobrenatural e passa a se tornar um detetive espiritual ajudando em casos cada vez mais perigosos e arriscados. Embora seja uma quantidade moderada de entregas, os episódios são longos, ultrapassando a duração de minutos normal para o streaming.

Mas se há algum tipo de mérito na série (e, certamente, há), com certeza não é sobre a sua duração e sim sobre o quanto a Netflix sabe aproveitar a essência de algo que realmente é bom e ainda dez mil vezes melhorar o que já era´otimo. Como fã do anime desde pequeno, a escolha criativa mais respeitada é a de ter mantido a dublagem original brasileira, além das falas foram “abraziliadas” aqui para o público na época em que o anime decolou aqui no país. Ouvir Yusuke dizer, com a mesma voz, “Rapadura é mole, mas não é doce não viu”, entre outros tantos gracejos, é explêndido.

Claro que não dá para falar da série sem ignorar o corte de alguns arcos, com foco no primeiro arco, o de Detetive Espiritual. Nele, acompanhamos Yusuke lutar para se provar merecedor de ser trazido de volta à vida. Não só o foco dessa história é no personagem, mas em como os outros irão reajir à sua morte e encontrar maneiras de seguir em frente; Kuwabara passa a ser uma pessoa que se sacrifica pelos outros e Keiko se torna mais corajosa. Ambas as duas coisas são bem retratadas aqui, mas de uma forma muito rápida e breve, sem se aprofundar muito em aspectos. Apesar disso, de uma forma geral, ter cortado esses pequenos momentos para focar em algo mais centralizado é compreenssível visto que a temporada precisava de um vilão-mor para ter algo mais centralizado.

Ainda sim, é de chorar um pouco em pensar que nunca veremos um live-action contar tin-tin-por-tin-tin a sabotagem que os professores vilões do anime fazem com Kuwabara para que ele seja expulso ou Botan se disfarçar de uma cartomante para convencer Yusuke a continuar ligado ao mundo espiritual, dessa vez como um detetive.

As cenas de luta comportam boa parte dos números de boas avaliações da série, não a toa são as partes que mais entretém no anime também. Os visuais e os efeitos mesclam entre o uso de CGI para criar esferas de energia e alguns outros mais práticos, com toque especial para a transformação de Toguro no episódio final; essa essência agradou a muitos, principalmente eu, porque é algo que não tem vergonha de se mostrar como deve ser; não está tentando dar uma de Cavaleiros do Zodíaco, que saiu logo no começo do ano, e teve vergonha de mostrar como as coisas devem ser ao serem repassadas para a tela “real” aqui. Dessa forma, é de dar água na boca ouvir Yusuke gritar o seu “Leigan!” quando enfrenta seus inimigos.

Se com golpes, cenas de luta e efeitos visuais e práticos não existe essa timidez em passar a essência do anime, o mesmo pode ser dito sobre a vestimenta e os figurinos usados pelos personagens com as tradicionais cores de cada um: o verde de urameshi, o azul de kuwabara, o rosa de Kurama, o todo preto de Hiei. Todas as peças de roupa estão como peças de um tabuleiro conhecido que deveriam estar onde devem estar.

Em última instância, o que nos ganha no live-action não a apenas tudo isso, mas também a emoção e a aventura. Desde o primeiro momento, nos importamos com essa versão do Urameshi; o Urameshi brigão, mas também amado por todos nós que faz mais inimigos e amigos com mais velocidade do que se pode dizer um oui. Embora ter cortado tantas sub-tramas possa ter incomodado um pouco, boa parte do que nos faz rir e entender vários dos personagens está presente ali carregando o tamanho do peso que uma produção do tipo deve carregar. A título de exemplo, quando Genkai assume seu rosto jovem que usa no anime uma última vez para falar com Toguro é o puro suco da nostalgia; outra cena vai para quando Hiei reencontra com Yukina e diz que ela está confusa sobre a linhagem de sangue entre os dois. São essas pequenas coisas que nos fazem sorrir e acenar com gracejo para a história de Yoshihiro Togashi.

É justo dizer que o live-action de Yu Yu Hakusho é tão bom quanto a adaptação anterior de sucesso da Netflix. Mesmo com uma leva menor de episódios, a série carrega essa essência que nos fez gostar e se apaixonar por um dos animes mais populars da década de 90.

Série: Yu Yu Hakusho – Live Action

Direção: Sho Tsukikawa

Elenco: Takumi Kitamura, Kanata Hongô, Jun Shison, Shuhei Uesugi, Shô Tsukikawa, Sei Shiraishi, Kotone Furukawa.

Nota: 10,00.

O live-action de Yu Yu Hakusho está disponível na Netflix.

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