Oscar: as vezes em que o cinema nacional foi levado até a premiação

Matheus Martins

Ganhar um Oscar é um dos maiores reconhecimentos que um filme ou um profissional pode receber, e muitos consideram a estatueta dourada como um selo de qualidade e um indicativo de sucesso comercial. O prêmio também pode ajudar a impulsionar as carreiras de atores, diretores e outros profissionais da indústria.

Além disso, a cerimônia do Oscar é um grande evento midiático, que atrai a atenção de milhões de espectadores em todo o mundo. A transmissão ao vivo da premiação é assistida por milhões de pessoas e recebe ampla cobertura da mídia, o que ajuda a promover os filmes e os profissionais premiados.

O Brasil se inclui no Oscar como um dos países que participa da premiação por meio de seus filmes. O cinema brasileiro tem uma história rica e diversa, com uma produção que abrange desde o cinema novo dos anos 60 até o cinema contemporâneo, com produções de diversos gêneros e estilos.

Embora nosso país ainda não tenha ganhado um Oscar de Melhor Filme, o país já recebeu diversas indicações e prêmios em outras categorias, como Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Documentário e Melhor Animação.

O Pagador de Promessas (1962)

“O Pagador de Promessas” é um filme brasileiro de 1962 dirigido por Anselmo Duarte e baseado na obra teatral homônima de Dias Gomes. O filme ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1962 e foi o primeiro brasileiro a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

A trama gira em torno de Zé do Burro, interpretado por Leonardo Villar, um homem simples do interior da Bahia que faz uma promessa para Santa Bárbara de que, caso sua jumenta dê à luz um potro saudável, ele levará uma cruz até a igreja de Santa Bárbara em Salvador. Quando a jumenta dá à luz, Zé cumpre sua promessa, mas é impedido de entrar na igreja com a cruz pelos padres, que alegam que a promessa foi feita a uma Santa diferente daquela cuja imagem estava na igreja.

Desesperado, Zé decide passar a noite em frente à igreja com a cruz, na esperança de que os padres o recebam. O ato é interpretado como uma provocação pelas autoridades locais e Zé acaba preso e acusado de ser comunista. A história se desenrola em torno do conflito entre a fé e a política, da intolerância religiosa e da luta por justiça.

O Quatrilho (1995)

“Quatrilho” é um filme brasileiro de 1995 dirigido por Fábio Barreto. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1996, representando o Brasil na premiação.

A história se passa no final do século XIX e segue a vida de duas famílias de imigrantes italianos que se estabelecem no Rio Grande do Sul. O filme retrata a dificuldade de adaptação dessas famílias a um novo país, uma nova cultura e um novo estilo de vida. O enredo é baseado no livro “A Ostra e o Vento” de José Clemente Pozenato.

O filme aborda temas como amor, traição, amizade, valores familiares e tradições culturais. Além disso, a obra mostra como a cultura italiana se misturou com a cultura gaúcha, criando uma nova identidade cultural. O filme também trata de questões sociais, como a exploração de trabalhadores e a desigualdade social.

Central do Brasil (1995)

“Central do Brasil” é um filme brasileiro de 1998 dirigido por Walter Salles. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1999, representando o Brasil na premiação.

A história segue a vida de Dora, uma mulher amarga e desiludida que trabalha escrevendo cartas para analfabetos na estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Quando um menino órfão chamado Josué pede sua ajuda para encontrar seu pai, Dora inicialmente o rejeita, mas acaba se envolvendo em uma jornada emocionante pelo interior do Nordeste brasileiro em busca do pai do garoto.

O desempenho da atriz Fernanda Montenegro como Dora foi aclamado pela crítica e lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz em 1999. Além disso, o filme recebeu inúmeras premiações em festivais de cinema internacionais.

Cidade de Deus (2002)

Cidade de Deus” é um filme brasileiro de 2002 dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado em 2004.

Baseado no livro homônimo de Paulo Lins, “Cidade de Deus” retrata a vida de um jovem morador de uma favela do Rio de Janeiro, que se envolve no mundo do crime e da violência. O filme aborda temas como a pobreza, a violência, o tráfico de drogas e a falta de perspectiva de vida para jovens em comunidades carentes.

O elenco do filme é composto por atores não profissionais, muitos deles moradores da própria favela onde a história é ambientada. A trilha sonora, composta por músicas brasileiras de diferentes épocas, é uma das marcas registradas do filme.

“Cidade de Deus” é considerado um marco do cinema brasileiro e uma das obras mais importantes da década de 2000. O filme foi aclamado pela crítica internacional e recebeu inúmeras premiações em festivais de cinema ao redor do mundo.

O Beijo da Mulher Aranha (1985)

“O Beijo da Mulher Aranha” é um filme brasileiro de 1985 dirigido por Héctor Babenco, baseado no romance homônimo de Manuel Puig. O filme foi indicado a quatro Oscars em 1986, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Roteiro Adaptado, e venceu nas duas últimas categorias.

O enredo do filme se passa em uma prisão na América Latina durante a década de 1970, onde um preso político homossexual chamado Luis Molina (William Hurt) compartilha sua cela com Valentin Arregui (Raul Julia), um líder revolucionário. A história se desenrola através das conversas entre os dois personagens, que têm personalidades muito diferentes, mas que acabam se aproximando e desenvolvendo uma relação complexa e intensa.

O desempenho de William Hurt como Luis Molina foi aclamado pela crítica e lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator em 1986. Além disso, o filme é considerado uma das grandes obras-primas do cinema latino-americano e brasileiro, tendo influenciado várias gerações de cineastas ao redor do mundo.

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014)

“Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” é um filme brasileiro de 2014 dirigido por Daniel Ribeiro. O filme retrata a história de Leonardo (Ghilherme Lobo), um adolescente cego que começa a descobrir sua sexualidade e se apaixona por Gabriel (Fabio Audi), um colega de classe.

O filme foi muito bem recebido pela crítica e pelo público e se tornou um dos filmes brasileiros mais vistos internacionalmente. No entanto, em 2015, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” ficou fora da disputa pelo Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, mesmo sendo o representante brasileiro na categoria.

A seleção do filme para representar o Brasil no Oscar gerou muita expectativa e torcida por parte dos fãs e críticos de cinema, que acreditavam que a obra tinha potencial para ser indicada ao prêmio. No entanto, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não incluiu o filme na lista de indicados.