Um jogo que ainda nem foi lançado quase foi o grande vencedor do The Game Awards, o Oscar dos videogames

Redator Pixel

Atualização: O Game Awards rolou, teve zoeira com o Oscar e The Legend of Zelda: Breath of The Wild foi eleito o jogo do ano de 2017. PUGB, o game que protagoniza esse post, venceu o melhor multiplayer e, ainda em dezembro de 2017, teve sua versão 1.0 lançada.

 

O pessoal responsável pelo The Game Awards revelou ontem a lista de indicados ao TGA 2017, maior premiação do mundo dos games. Para quem está por fora desse rolê, o TGA é o equivalente ao Oscar na indústria de games, e sua maior glória é o título de GOTY (Game of the Year).

Enquanto o Oscar ganha os holofotes com momentos memoráveis como Leonardo DiCaprio em busca de uma estatueta e erros catastróficos no palco, a premiação de games se destaca por ser um norte para os jogadores que não costumam acompanhar as notícias sobre jogos eletrônicos, afinal, se o título foi indicado ao Game Awards, ele deve ter algum grau de qualidade.

Neste ano, porém, fomos presenteados com uma pérola jamais vista na premiação: um game que ainda não foi lançado oficialmente está concorrendo ao premio de Jogo do Ano. Abaixo, você confere a lista de games indicados ao Jogo do Ano de 2017, e os possíveis motivos para eles estarem ali:

“The Legend of Zelda: Breath of the Wild “, o carro-chefe do console Nintendo Switch em seu lançamento. Nota 97 no Metacritic;
“Super Mario Odyssey”: um dos jogos mais bem avaliados em toda a história da franquia do encanador bigodudo e uma das pérolas da Nintendo este ano. Nota 97 no Metacritic.
“Persona 5”: jogo da Atlus que aposta na estética de anime e referências japonesas para entregar uma experiência única. Nota 93 no Metacritic;
“Horizon Zero Dawn”: superprodução da Sony feita pela Guerrilla Games que deixou até Hideo Kojima de queixo caído. Nota 89 no Metacritic.
“Playerunknown’s Battlegrounds (PUBG)”: game independente exclusivamente multiplayer que colocou o gênero Battle Royale no mapa dos jogos eletrônicos. Um dos títulos mais populares da atualidade entre streamers e que esbanja altos números de jogadores. Sem nota 
no Metacritic;

Como é possível notar, a principal diferença que vemos logo de cara é que um dos jogos no famoso agregador de reviews Metacritic não possui avaliações. O motivo? Playerunknown’s Battlegrounds ainda está em desenvolvimento e não foi lançado oficialmente.

Mas o que diabos é PUBG?

Criado pelo estúdio independente sul-coreano Bluehole, Playerunknown’s Battlegrounds (ou só PUBG) está disponível no programa de acesso antecipado da Steam desde março de 2017, e deve ser lançado ainda este ano em sua versão completa, segundo as estimativas da desenvolvedora. Esta modalidade de publicação é utilizada para que os desenvolvedores consigam feedback da comunidade para aprimorar o game, o que normalmente acontece.

O “problema”, no caso de PUBG, é que o game alcançou uma popularidade muito grande e já está  no patamar de um título pronto e completo, mesmo com as reviews da Steam mostrando diversas reclamações sobre a otimização do jogo.

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No momento que este texto foi escrito, o jogo já havia vendido 20 milhões de cópias e era o dono do recorde de mais jogadores simultâneos na Steam, com 2,5 milhões de pessoas jogando ao mesmo tempo. O motivo para os grandes números são a combinação de dois fatores: a popularidade do game com streamers e a diversão proporcionada, pois, no final das contas, PUBG não deixa de ser divertido.

Inspirado no livro Battle Royale, uma das origens do filme Jogos Vorazes, o game coloca 100 jogadores em uma ilha para batalharem até apenas um sobreviver, com armas e veículos espalhados pelo mapa. A mecânica foi adaptada aos videogames por Brendan “Playerunknown” Greene, que fazia mods de Battle Royale e, agora, é um dos nomes mais comentados na indústria.

O Brasil até tem participação na concepção desse godzilla dos games. Greene começou a trabalhar com games quando morava em Varginha, aquela cidade mineira famosa pelo ET, e sua experiência com mods foi a chave para a criação de PUBG. “Eu comecei jogando o mod DayZ de ARMA 2 com amigos, e depois de um tempo, começamos a administrar nosso próprio servidor customizável de mods de DayZ. Foi ali que eu aprendi a fazer mods com a engine de ARMA”, falou em entrevista ao The Enemy.

Por que isso é ruim para os games?

Olhando por esse lado, é muito legal ver que um cara que fazia mods no interior do Brasil tem seu game disputando contra nomes importantes da indústria como Sony e Nintendo. Porém, os pontos negativos para a indicação de PUBG para jogo do ano são bem maiores.

Assim como rola no cinema, a qualidade da produção é um fator de extrema importância para um jogo concorrer a um prêmio de peso. Nos últimos dois anos, inclusive, duas superproduções que levaram anos de desenvolvimento ganharam o GOTY – The Witcher 3 em 2015, Overwatch em 2016. “Mas se isso realmente importa, Mateus, por que diabos PUBG tá ali?”

PUBG não está finalizado

Antes de mais nada, PUBG não está ali pela sua qualidade e acabamento. Como ainda está em acesso antecipado, o jogo é constantemente alvo de críticas por falhas na performance e tudo bugs. Na Steam, as análises do game constantemente estão “neutras” pela falta de polimentos. Isso é normal para um título que ainda está em desenvolvimento. O que não é normal é esse título inacabado ganhar espaço na maior premiação de games do mundo.

 

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Com a chegada do Xbox One X, o console mais potente da Microsoft, até os consumidores de games que não dão a mínima para performance começaram a se familiarizar com termos como framerate, resolução 4K, upscaling, etc. A otimização dos games é um fator cada vez mais importante na indústria como um todo, não apenas para jogadores do PC.

Um jogo conhecido por ser mal otimizado ganhar o GOTY no ano em que o 4K está se tornando mais presente seria uma bela piada. Além disso, também seria um atestado de que não nos importamos mais em receber games por parcelas, tendo que baixar diversos patches de correção. Contanto que dê pra jogar, fechou.

PUBG não tem história

Além de ser um jogo que não está pronto, PUBG também virou o representante dos jogos “multiplayer-only” no GOTY. No ano passado, já vimos que a ausência de uma campanha não é problema para ser o melhor jogo do ano, já que Overwatch venceu o prêmio.

Apesar de não ter um modo campanha, o jogo da Blizzard traz uma história cheia de elementos que é contada por meio de outras mídias, incluindo quadrinhos e os excelentes curtas-animados do game. O universo de Overwatch é tão vasto que pode se tornar até um filme nos próximos anos, segundo a Activision-Blizzard, e já rendeu até uma igreja baseada em um dos personagens do game (de nada).

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No caso de PUBG, o jogo se resume exclusivamente ao gameplay competitivo. O game é simplesmente entrar na partida, pular de um avião, cair na ilha e ser o melhor. Como em todo Battle Royale, a motivação presente é a vontade de sobreviver. Segundo a Bluehole, o jogo também não receberá um modo campanha, ou seja, é isso.

Levando isso em conta, se Battlegrounds ganhar o GOTY pelo seu instigante gameplay, teremos um atestado de que a presença de uma história, no final das contas, nem é tão importante assim. O multiplayer de PUBG é revolucionário, mas convenhamos, é pra isso que existe a categoria Melhor Multiplayer.

PUBG tem microtransações

Além de não estar finalizado e não possuir um enredo para acompanhar o gameplay, PUBG também é o game da lista que traz as infames microtransações. Com diversos jogos adotando sistemas de loot boxes (caixas que podem ser compradas e sorteiam itens) e sistemas de compras in-game, os jogadores estão declarando guerra contra as desenvolvedoras que adotam essas mecânicas.

A principal representante do “bonde das microtransações” é a EA Games, que ganhou o título de comentário mais negativado na história do Reddit comentando sobre sobre Star Wars Battlefront 2. Warner Bros e Activision também são conhecidas pela mesma prática.

No caso de PUBG, a presença de um mercado de itens cosméticos pode ser vista como uma forma de auxiliar o estúdio a angariar fundos para manter o game, mas como o João GAN do Adrenaline falou, isso já está passando dos limites.

Dar um prêmio para um jogo inacabado, sem história e com microtransações comprovaria que até a maior premiação do mundo dos games está apoiando a indústria, e não os jogadores. PUBG é divertido e revolucionário, mas se tem um indie que merecia estar ali, esse indie é Cuphead.

 

 

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Confira os ganhadores do The Game Awards 2017:

Melhor performance

– Ashly Burch, como Aloy, de Horizon Zero Dawn
– Brian Bloom, como BJ Blazkowicz, de Wolfestein II: The New Colossus
– Claudia Black, como Chloe Frazer, de Uncharted: The Lost Legacy
– Laura Bailey, como Nadine Ross, de Uncharted: The Lost Legacy
– Melina Juergens, como Senua, de Hellblade: Senua’s Sacrifice

Melhor design de áudio
– Destiny 2
– Hellblade: Senua’s Sacrifice
– Resident Evil 7
– Super Mario Odyssey
– Legend of Zelda: Breath of the Wild

Melhor trilha sonora/música
-Cuphead
– Destiny 2
– Nier Automata
– Persona 5
– Super Mario Odyssey
– Legend of Zelda: Breath of the Wild

Melhor jogo contínuo
– Destiny 2
– GTA Online
– Overwatch
– PUBG
– Rainbow Six Siege
– Warframe

Games for Impact (Melhor jogo com impacto social)
– Bury me, my love
– Hellblade: Senua’s Sacrifice
– Life is Strange: Before the Storm
– Night in the Woods
– Please Knock on my Door
– What Remains of Edith Finch

Melhor Direção de Arte
– Cuphead
– Destiny 2
– Horizon: Zero Dawn
– Persona 5
– Legend of Zelda: Breath of the Wild

Melhor Multiplayer
– Call of Duty WWII
– Destiny 2
– Fortnite
– Mario Kart 8 Deluxe
– PUBG
– Splatoon 2

Trending Gamer (Personalidade do Ano)
– Andrea Rene
– Clint Lexa
– Guy Beahm
– Mike Grzesiek
– Steve Spohn

Mais esperado de 2018
– God of War
– Spider-Man
– Monster Hunter World
– Red Dead Redemption II
– The Last of Us – Part II

Melhor jogo de aventura
– Assassin’s Creed Origins
– Horizon: Zero Dawn
– Super Mario Odyssey
– Legend of Zelda: Breath of the Wild
– Uncharted: The Lost Legacy

Melhor jogo de ação
– Cuphead
– Destiny 2
– Nioh
– Prey
– Wolfenstein II: The New Colossus

Melhor time de esport
– Cloud9
– Faze Clan
– Lunatic-Hai
– SKT1
– Team Liquid

Melhor pro player
– Lee Sang-Hyeook “Faker”
– Marcelo “Coldzera” David
– Nikola “Niko” Kovac
– Je-Hong “Ryujehong” Ryu
– Kuro “Kuroky” Salehi Takhasomi

Melhor jogo de eSport
– Counter-Strike: Global Offensive
– Dota 2
– League of Legends
– Overwatch
– Rocket League

Melhor RPG
– Divinity: Original Sin II
– Final Fantasy XV
– Nier Automata
– Persona 5
– South Park: The Fractured But Whole

Melhor VR/AR
– Farpoint
– Echo Arena
– Resident Evil 7
– Star Trek Bridge Crew
– Superhot VR

Melhor jogo corrida e esporte
– FIFA 18
– Forza 7
– Gran Turismo Sport
– NBA 2K18
– PES 2018
– Project Cars 2

Melhor jogo de estratégia
– Halo Wars 2
– Mario + Rabbids: Kingdom Battle
– Total War: Warhammer II
– Tooth and Tail
– XCOM 2: War of the Chosen

Melhor jogo para família
– Mario Kart 8 Deluxe
– Mario + Rabbids: Kingdom Battle
– Sonic Mania
– Splatoon 2
– Super Mario Odyssey

Melhor jogo de luta
– ARMS
– Injustice 2
– Marvel vs Capcom: Infinite
– Nidhogg II
– Tekken 7

Melhor jogo para portátil
– Ever Oasis
– Firem Emblem Echoes: Shadows of Valentia
– Metroid: Samus Returns
– Monster Hunter Stories
– Poocy & Yoshi’s Woolly World

Melhor jogo mobile
– Fire Emblem Heroes
– Hidden Folks
– Monument Valley II
– Old Man’s Journey
– Super Mario Run

Melhor jogo indie
– Cuphead
– Hellblade: Senua’s Sacrifice
– Night in the Woods
– Pyre
– What Remains of Edith Finch

Melhor narrativa
– Hellblade: Senua’s Sacrifice
– Horizon: Zero Dawn
– Nier Automata
– What Remains of Edith Finch
– Wolfenstein II: The New Colossus

Melhor direção de jogo
– Horizon: Zero Dawn
– Resident Evil 7
– Super Mario Odyssey
– Legend of Zelda: Breath of the Wild
– Wolfenstein II: The New Colossus