Unity: entenda por que o motor gráfico surpreende ao mudar política de preços

Redator Pixel

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A Unity, uma das principais opções de motor gráfico do mercado de desenvolvimento de jogos, anunciou uma nova política de preços que tem chamado atenção. Agora, desenvolvedores terão que pagar uma taxa para cada download do seu jogo feito em um dispositivo, o que na maioria dos casos significa uma nova instalação.

Site oficial explicando os novos planos

A atualização gerou revolta por parte da comunidade de desenvolvedores, sobretudo estúdios indies. Muitos, inclusive, anunciaram que pretendem trocar de motor gráfico por conta da mudança de preços.

A medida antipopular tem nome, a nova taxa é chamada de Unity Runtime e será cobrada no download de um jogo feito em Unity para as mais variadas plataformas que tiverem suporte

Mas por que tanto descontentamento? O que mudou para essa medida ser tão pesada e impopular?

O novo modelo de taxa é especialmente complicado porque a instalação de um jogo não implica em receita direta e isso é simples de supor. Imagine que uma pessoa ou uma empresa tem múltiplas máquinas e faz a instalação do game. Não é como se para cada nova instalação o estúdio desenvolvedor tivesse vendido uma nova cópia.

Isso cria problemas também cria uma certa tensão para jogos free-to-play, que não arrecadam na hora em que uma instalação é feita, mas com venda de itens dentro do game.

Seria esse o fim da Unity?

Mas, apesar de não ser popular, é catastrófico demais dizer que este é o fim da Unity. A medida só é válida para estúdios que já venderam uma quantidade mínima! Isso quer dizer que a comunidade indie que não tem jogo ativo comercialmente ou que não dá nada de lucro só vai se incomodar com isso após o lançamento e sucesso de seu novo jogo.

O plano Personal, para desenvolvedores individuais e estúdios muito pequenos continuará de graça, segundo a Unity.

A medida tem esse impacto agressivo e gerou comentários porque basicamente todos os jogos indies ativos comercialmente e de relativo sucesso serão impactados pela mudança já a partir de janeiro de 2024.

A taxa será cobrada e será válida somente a partir desta data e de jogos baixados a partir deste período, a cobrança não será retroativa dos games baixados e instalados nos últimos 12 meses.

Estamos no fim do ano, uma medida dessas realmente entristece um time que poderia estar se preparando para aproveitar seus lucros e gerenciar melhor onde vai colocar seu dinheiro no próximo ano.

Além disso, desenvolver jogos é um compromisso de longo prazo. Mesmo que não tenha impacto direto na galera que está começando a desenvolver, certamente muitos estúdios que já pagam taxas para Unity vão considerar adotar outros motores gráficos como Unreal Engine 5.

Unity: como funcionam e quais são as novas taxas

Funciona por receita e instalaçãow

Qual a justifica da empresa para aumentar os preços?

Junto à nota de aumento dos preços a Unity destaca algumas melhorias feitas nos serviços prestados para desenvolvedores, incluindo recursos e recursos administrativos. Confira abaixo:

  1. Inclusão de Novos Recursos:
    • Unity DevOps: Potencializa a colaboração.
    • Unity Asset Manager: Proporciona gerenciamento de ativos na nuvem.
    • Team Administration: Permite o controle de papéis e acesso, com admins definindo permissões.
    • Unity Sentis: Habilita integração de modelos de IA no runtime do Unity.
  2. Melhorias e Integração:
    • Os serviços Unity DevOps e Unity Asset Manager serão integrados ao Unity Editor, melhorando fluxos de trabalho para estúdios de diversos tamanhos.
  3. Controle Reforçado para Equipes:
    • A funcionalidade Team Administration protege acessos a projetos e ativos.
  4. IA em Tempo Real:
    • Com Unity Sentis, modelos de IA podem ser incorporados e rodados diretamente nos dispositivos dos usuários, sem custos adicionais de cloud ou latência.

Por que a empresa escolheu cobrança por download?


“Estamos introduzindo uma taxa de “Runtime” da Unity que é baseada em cada vez que um jogo qualificado é baixado por um usuário final,” foi compartilhado em seu blog. “Escolhemos isso porque toda vez que um jogo é baixado, o Runtime da Unity também é instalado. Além disso, acreditamos que uma taxa baseada na instalação inicial permite que os criadores mantenham os ganhos financeiros contínuos do envolvimento do jogador, ao contrário de uma participação nas receitas.”

Outros problemas do novo modelo de taxa

Por se tratar de um serviço que identifica a instalação, jogos piratas, demos, e serviços de assinatura podem prejudicar os estúdios criadores dos games e tornar tudo isso algo realmente complexo.

Outro ponto bem específico e que gerou preocupação entre alguns é a possibilidade de baixar continuamente um jogo com o fim de prejudicar uma empresa que desenvolveu o game. Isso seria como as reviews bombas que vemos de tempo em tempo quando uma parcela de jogadores fica extremamente insatisfeita com um lançamento.

Para esta questão, a Unity disse que iria detectar fraudes, mas não deu detalhes técnicos de como isso é possível. Inclusive, neste momento, não há esclarecimentos técnicos de como as cobranças por download é feita ou reconhecida.

Como tudo ainda está no começo é difícil afirmar com precisão algumas coisas, mas segundo o jornalista Stephen Tolito, fundador da newsletter de games Axios Gaming, a ideia é cobrar apenas pela instalação inicial, sem afetar demos, Game Pass.

Ainda assim seria cobrado na instalação em algum outro dispositivo.

Sem contar que, a observação de dados em dispositivos também não é algo muito bacana, como a empresa fará a identificação de jogos baixados? Como se dá esse processo que linka uma empresa a uma máquina com um jogo baixado?

Em nota, a Unity diz acreditar que seu sistema de tracking dá uma medida precisa.