O amor é lindo, mas também pode ser cruel. Tema de músicas, filmes, séries e até feriados, o sentimento mais rentável de todos ganhou vida recentemente nos video games através de Roguemance, título feito pelo desenvolvedor brasileiro Lucas Molina.
Descrito na Steam como um “roguelite com romance”, o jogo traz os principais elementos deste gênero, como cenários e inimigos criados aleatoriamente durante o jogo, com uma roupagem romântica e que faz cada balhara ser um encontro, literalmente: você pega um contatinho que conhece num bar e sai pra brigar com vilões.
Roguemance é um jogo tão contemporâneo que você até pode escolher qual contatinho vai ir pra batalha junto com você pic.twitter.com/Uj0R8CFX7K
— Mateus Mognon (@supermognon) 16 de fevereiro de 2018
O gameplay traz batalhas contra inimigos gerados randomicamente em turnos sincronizados, onde todos os lutadores escolhem suas ações e todas acontecem simultaneamente. O esquema é simples, mas como inimigos e os dois apaixonados ficam embaralhados, situações embaraçosas podem acontecer pela falta de atenção, como você jogando uma espada no seu parceiro ou a(o) crush beijando o inimigo.
“A ideia era que um parceiro poderia te ajudar e também te atrapalhar, como em um relacionamento de verdade. Nos RPGs tradicionais, os membros da party ficam de um lado e os inimigos do outro. Pensei em misturar todo mundo numa mesma linha para que a metáfora acontecesse”, explica Molina.
Este foi o primeiro game roguelite feito por Molina, que optou pelo gênero graças a liberdade de criação. Assim como em Painters Guild, outro game do desenvolvedor brasileiro, Roguemance oferece diversas opções de customização e diferentes possibilidades, incluindo relacionamentos que não se prendem nos padrões da família tradicional brasileira. “Prefiro ter liberdade e queria poder expressar verdades sobre relacionamentos através do jogo, por isso achei o roguelite o gênero ideal”.
Solteiro vs Namorando
Roguemance possui a opção de morte permanente e também multiplayer, o que acaba servindo como um espelho da vida de solteiro e de casal. Eu joguei Roguemance sozinho e com a minha namorada, e ambas as experiências foram divertidas, mas o jogo multiplayer foi consideravelmente mais fácil, afinal, eu tinha alguém de verdade para me acompanhar nas batalhas.
Quando você joga com um parceiro, é possível combinar jogadas e bolar estratégias de forma conjunta para ambos sobreviverem até o fim. Sabe quando você namora há bastante tempo e cria uma “conexão” com a pessoa que gosta? É esse o feeling que Roguemance passa durante a jogatina de casal.
“Queria falar sobre relacionamentos e acho que o jogo tem várias
mensagens sutis sobre isso. Eu mesmo não sei quais são”
– Lucas Molina
Já no single-player, minha experiência foi como uma festa na universidade regada de bares e pessoas novas para conhecer, com vários interesses envolvidos. Do começo ao fim do jogo como “solteiro”, eu tive seis parceiros, com apenas três sobrevivendo até o final. Dois dos contatinhos morreram durante as batalhas e outro foi embora pela falta de atenção. Se eu me importei? Nem um pouco, pois o que importava ali era eu, singular e sozinho, sobreviver e me divertir na Ilha do Amor.
Ouça aqui o nosso podcast: Solteiros vs Casados
Graças aos relacionamentos fluidos no single-player, fica mais difícil estabelecer um laço com seu parceiro durante as batalhas e a máquina controla os ataques do crush na maioria do tempo, tornando os combates mais desafiadores. Assim como na vida real, a superficialidade nos encontros traz o ônus de não criar laços com as pessoas. Pois é, Lucas, sua missão de passar mensagens sutis foi bem sucedida comigo.
Roguemance traz gameplay sem fim
Além de simular muito bem o mundo dos ~dates~, Roguemance também permite casar e ter um filho no final. Assim como na vida real, essas ferramentas funcionam como um sistema de progressão de dificuldade: Quando a criança nasce, ela assume o papel de protagonista no início do jogo e todos os inimigos ganham um ponto a mais de vida, tornando tudo mais difícil.
Como tudo é gerado proceduralmente no game, isso pode continuar infinitamente, assim, o jogador pode testar sua destreza no campo de batalha do amor até cansar, ou até morrer com o “Permadeath” ligado e jogar o controle na parede.
Roguemance não é um jogo que vai mudar a tua vida, mas possui uma arte bonita, jogabilidade divertida e uma ideia bastante original. Convenhamos, não é todo dia que você luta contra inimigos como Blue Balls, contas pra pagar, amantes e camas ruins.
Roguemance pode ser comprado na Steam por R$ 14,69, preço de um Queijo Quente à domicílio do Xande Lanches de Floripa, um valor bem acessível para um jogo com gameplay infinito.
Segundo Molina, mais updates virão no futuro e, caso a recepção no PC seja boa, o jogo pode chegar em outras plataformas. “Muita gente diz que o Roguemance se encaixaria muito bem no Switch. Acho que pode funcionar no mobile também”. Eu concordo plenamente, e torço para que isso aconteça! Inclusive, aguardo um update trazendo novidades como Tinder e sites de relacionamento, se possível. Com certeza seria bem engraçado!
Ah, e mais uma coisa: VAI BRAZIL 🙂