No tempo em que séries ou filmes sobre super-heróis com temáticas que fugiam da bola curva como The Boys e Liga da Justiça – Snydercut, era a época certa para investir em produções visionárias que moldariam o modo como a temática é visualizada pela audiência. Porém, uma série da Netflix que foi cancelada em sua primeira temporada não conseguiu atingir esse feito – e ainda rendeu um alto prejuízo.
O Legado de Júpiter foi uma série de super-heróis da Netflix baseada na HQ homônima de Mark Millar e Frank Quitely. Durante sua exibição, o enredo da série acompanhou a primeira geração de super-heróis que recebeu seus poderes nos anos 30 e manteve o mundo em segurança por quase um século. Depois, eles precisaram lidar com os conflitos familiares, as mudanças sociais e os desafios impostos pelos seus filhos, que nem sempre seguem os mesmos ideais dos pais.
Apenas um mês após o lançamento e oito episódios, os executivos do serviço de streaming perceberam a magnitude do problema que havia surgido. Não foi possível conter a ampla rejeição e a avalanche de críticas. Portanto, a única opção foi optar pelo cancelamento.
As consequências foram imediatas e, em um momento de dificuldades financeiras e reajuste de estratégias, o prejuízo causado pela série O Legado de Júpiter foi cuidadosamente avaliado. Estima-se que tenha custado cerca de 200 milhões de dólares aos cofres da empresa.
Desde antes de sua estreia, a série enfrentou diversos obstáculos nos bastidores, muitos deles relacionados às restrições impostas pela pandemia de COVID-19. Apesar do aumento da popularidade dos serviços de streaming durante o período de confinamento, a rejeição ao título foi um verdadeiro golpe de realidade.
Boa parte do público não recebeu bem a proposta de O Legado de Júpiter. Alguns acharam que a série queria se vender como uma “The Boys” versão Netflix, mas pisou completamente em um enredo que ia bem longe disso, além de ter visuais cafonas, CGI barato, enredo e sinopse desinteressantes. A divulgação da produção parecia uma bagunça e não atraiu pessoas o suficiente, pelo visto.
Muitos telespectadores também criticaram o fato da série perder muito tempo introduzindo como cada personagem ganhou seus poderes, ao invés de focarem em um contexto maior como a relação de humanos com os superes, algo que é abordado de maneira magistral por The Boys. Outras opiniões também apontaram um estranhamento de encontro com o número de dinheiro investido: os visuais não conseguiam ser mais dignos do que uma série da CW, que é bastante citada por CGIs podres e seus arcos são demorados, como se quisesse trabalhar todos os seus plots ao mesmo tempo.
Diante dos acontecimentos, a Netflix teve que admitir o fracasso dessa aposta, que inicialmente foi orçada em 130 milhões de dólares. Conforme os problemas surgiam, restava apenas a opção de investir mais dinheiro para concluir a produção ou arriscar que os episódios fossem engavetados.
Apesar disso, a série ainda ganhou um spin-off intitulado Supercrooks, uma série de anime do gênero superaventura baseada na série de quadrinhos de mesmo nome do escritor Mark Millar e do artista Leinil Francis Yu.