Unravel 2 traz altas doses de fofura para você esquecer os erros da EA – Análise

Redator Pixel

A EA Games é uma das empresas mais ricas do mundo dos games e é conhecida pelo seu lado mercenário: no ano passado, a empresa foi pivô nas discussões sobre loot boxes e microtransações por causa de Star Wars Battlefront 2.

Para limpar a sua barra, na EA Play 2018 a empresa fez uma conferência cheia de desculpas e promessas de melhoras. E no meio disso, lançou Unravel 2, que, ao meu ver, é a tentativa da empresa de mostrar ao público que ainda tem coração e sabe apoiar um jogo simples, bonito e divertido de se jogar.

https://www.youtube.com/watch?v=4m-FZAcvZ-8

Perdão pelo vacilo

Semioticamente falando, a apresentação do jogo é extremamente rica. Logo depois do fim da apresentação fraca sobre o polêmico Star Wars Battlefront 2, uma tempestade toma o telão da EA Play e mostra Yarny, o protagonista de Unravel, sofrendo para sobreviver na água. Após a apresentação do título do novo game, Martin Sahlin, que ganhou fama em 2015 por sua ternura falando sobre seu trabalho, sobe ao palco para contar sobre o novo projeto da Coldwood.

Com mais confiança do que em sua primeira aparição lá na E3 2015, Sahlin conta sobre o multiplayer local, a principal novidade de Unravel 2, e dá ênfase na história do game sobre “segundas chances”. Após uma demonstração ao vivo de gameplay 100% bem sucedida, o executivo do palco anuncia que o jogo já está disponível para compra, algo que não costuma acontecer na E3, principalmente com um título que nem havia sido anunciado antes.

Não sei vocês, mas eu acho que tudo isso aí não foi simples coincidência: a aparição de uma tempestade após Star Wars Battlefront 2 e, quando chega a calmaria, Martin Sahlin apresenta e LANÇA o Unravel 2, um jogo fofo, sem combate, com multiplayer local e ausência de recurso online (até o salvamento em nuvem tava falhando aqui em casa). Basicamente, o jogo conta com tudo o que a EA costuma deixar de fora de seus principais games.

Além de trazer uma imagem de “boazinha” para a empresa, a estratégia da EA deve ter gerado uma baita economia de grana, já que Unravel 2 não teve praticamente nenhuma divulgação de pré-lançamento e chegou durante o maior evento de games do mundo, chamando a atenção de muita gente. Mas, vamos ressaltar: eu não estou reclamando disso, pois o jogo é muito bom e foi um ótimo pedido de desculpas da EA, pelo menos quando o assunto é o game em si.

O dobro de fofura

Assim como o primeiro Unravel, o novo game da Coldwood é cheio de fofura e traz uma jogabilidade simples em plataforma 2D, mas que é bonita e divertida. Como já destacado acima, o diferencial do jogo é a presença de dois personagens principais.

A chegada de um novo Yarny dobra o nível de fofura do jogo e traz novidades interessantes para o gameplay. Enquanto algumas sequências ficam mais fáceis com a presença de dois bonequinhos, novas variantes de puzzles são adicionadas ao game.

A jogabilidade em multiplayer local é divertida e pode acabar se tornando difícil pela falta de entrosamento da dupla, algo normal em jogos do tipo e que costuma gerar mais momentos engraçados do que stress. Além disso, jogar sozinho também é uma experiência interessante, uma vez que controlar os dois personagens dá um toque a mais de desafio para a aventura.

O jogo é divertido tanto sozinho quanto em dupla

O cuidado com os detalhes do games também merece destaque: os efeitos com o cordão de lã e seus movimentos estão melhores, o que traz mais suavidade nos movimentos e uma sensação de que você é quase o Homem-Aranha pulando por prédios, mas em uma proporção bem menor.

Falando em proporção, o talento da Coldwood em fazer um mundo gigante retorna em Unravel 2. Os bonecos de lã são indefesos, não lutam e só conseguem fugir. O jogo consegue passar esse sentimento para o jogador por meio de seus gráficos fotorrealistas e uma trilha sonora tocante, que geram uma experiência audiovisual única que acompanha o gameplay.

Extras que expandem a jogabilidade e customização

Unravel 2 conta com sete missões em sua campanha que trazem alguns coletáveis e objetivos que incentivam o replay. O pessoal da Coldwood também adicionou no game um modo com 20 desafios extras, o que garante ainda mais horas de jogo.

Os desafios correspondem aos cenários das fases da campanha e são liberados após a conclusão de cada uma. “Mas e por que eu ficaria jogando isso, Mateus?”. Bom, além de trazerem um nível de dificuldade maior do que as missões convencionais, os desafios extras também liberam novos Yarnys para você utilizar.

No menu do jogo é possível fazer alterações como a cor, formato da cabeça, olhos e corpo dos protagonistas (dá até pra colocar uma espécie de vestidinho feito com fios!) E quanto mais desafios você completa, mais opções ganha para personalizar o seu Yarny.

Um detalhe interessante do sistema de personalização é que, além de mudar a forma e cor dos bonequinhos, as alterações na aparência também podem ser vistas na história do game, que vai rolando ao fundo durante o gameplay.

História

Assim como no primeiro jogo, toda a narrativa de Unravel 2 é subjetiva e os bonecos de lã representam sentimentos e memórias. Aproveitando os dois personagens, o novo game acompanha uma dupla de pré-adolescentes (eu presumo) e suas vivências na região em que o jogo se passa.

Cada estágio da campanha principal está ligado aos acontecimentos da vida dos personagens da história e o desenrolar dos desafios enfrentados pelos bonecos de lã é o que faz a narrativa andar.

A narrativa serve como pano de fundo e é contada sem palavras

Em nenhum momento o game utiliza palavras para contar o que está acontecendo ou entrega de bandeja a narrativa para o jogador, recurso interessante para contar uma história e que deixa o enredo aberto para interpretações.

Como os desenvolvedores dizem nos créditos do jogo, Unravel 2 fala sobre amor e a vida, e a decisão de não colocar uma história rebuscada dentro do game é plausível e sensata. Nós, os jogadores, também somos humanos e a narrativa aberta de dois jovens crescendo e aprontando confusões é uma ótima porta para fuçarmos nossas memórias e lembrarmos de bons momentos da infância.

Unravel 2 também pode ser uma viagem em suas próprias memórias

Apesar de o jogo se passar em uma região portuária e um farol ser o hub principal, diversos momentos do gameplay me trouxeram lembranças da liberdade e irresponsabilidades da infância. Para quem viveu boa parte da vida no interior, Unravel 2 não é apenas um jogo, é uma viagem no tempo.

Origin pode ser um problema

Após uma semana intensa jogando Unravel 2, meu principal problema com o game foi a EA. Durante uns dois dias eu fiquei sem jogar por causa de problemas técnicos com a Origin, o software da publisher para PC.

Além de ter uma interface confusa e que demora pra carregar, o serviço fez o game desaparecer da minha biblioteca algumas vezes e também causou problemas de resolução, tanto em uma quanto em duas telas. Tudo foi resolvido após um tempo graças a um patch lançado durante o fim de semana, que felizmente me permitiu colocar as mãos no game novamente.

Outro fator que pode ser considerado um problema é o preço do game, que está custando R$ 80 no computador – cifra que possivelmente é alta para incentivar a assinatura de serviços como o Origin Access.

Ah, o jogo também não conta com localização em português-brasileiro e todos os menus e descrições são em inglês, o que pode incomodar algumas pessoas. Felizmente, isso não afeta o gameplay e nem a história do game.

https://www.youtube.com/watch?v=a_J-iyPmLeY

Mesmo com essas intempéries, se você já é acostumado com a Origin e quer conhecer o lado bom da Eletronic Arts, Unravel 2 é uma experiência indispensável. Assim como o primeiro game da franquia, o novo título é bastante casual, mas diverte com momentos tocantes e é um ótimo passatempo, tanto em dupla quanto sozinho.

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