Bomba Patch fura EA Games e anuncia jogo da Copa do Mundo 2018 para PS2

Redator Pixel

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Se você cresceu na periferia, gostava de games de futebol ou curtia jogos do PS2 com adaptação para a realidade brasileira, com certeza já ouviu falar do Bomba Patch.

As modificações conhecidas pelos funks, narrações em português e capas com grandes nomes do futebol (ou mulheres quase peladas) continuam sendo lançadas.

Bomba Patch e a Copa do Mundo no PS2

Segundo um dos criadores do grupo, conteúdos especiais para a Copa do Mundo 2018 estão chegando.

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Em fevereiro, trocamos uma ideia com Allan Jefferson, o “CEO” do Bomba Patch, que nos falou sobre o jogo da Copa do Mundo para PS2 e curiosidades sobre o grupo, como as polêmicas capas que chamavam a atenção nos camelôs.

Em parceria com a EA Games, a FIFA costuma lançar um game temático da Copa do Mundo sempre que o evento esportivo acontece.

Nas últimas edições, os jogos só foram lançados para os consoles mais modernos, o que foi um banho de água fria nos brasileiros que ainda jogam em video games mais antigos, como o PS2, ainda bastante popular no Brasil.

Antes mesmo do game oficial da FIFA ser apresentado, o pessoal do Bomba Patch, o grupo de modificadores mais conhecido do Brasil, adiantou pra gente: quem joga no PlayStation 2 também receberá um jogo da Copa do Mundo da Rússia.

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Allan Jefferson, um dos fundadores do Bomba Patch, disse que o grupo já está trabalhando num jogo da Copa do Mundo para PS2 há meses.

“Já começamos a trabalhar no Bomba Patch: Copa do Mundo 2018 desde que as seleções começaram a se classificar”.

Como o próprio nome do grupo já indica, os jogos do Bomba Patch são feitos por meio de atualizações não oficiais em games que já existem.

Ou seja, os programadores pegam uma versão existente do Pro Evolution Soccer de PS2 e modificam os arquivos do jogo para atualizar jogadores, times, aparência e outros aspectos do game.

“A seleção da Islândia não era relacionada no jogo original e já colocamos, assim como a seleção do Panamá”, conta Jefferson.

“Normalmente, meses antes da Copa, a gente lança o jogo pra galera ir se divertindo até sair a relação oficial dos jogadores.”

Segundo o criador do grupo, existe uma comunidade de editores que estão auxiliando na concepção do game da Copa do Mundo, fazendo narrações, jogadores e outros conteúdos, que posteriormente são adicionados na versão lançada para o público.

A colaboração de mais pessoas acaba abrindo portas para a adição de mais conteúdos. “A versão Copa do Mundo trará os principais narradores da TV aberta e fechada.”

Além de todos os times e jogadores com gráficos na qualidade do PS2, o Bomba Patch também promete estádios construídos em 3D adaptados para o console e placares personalizados para “dar mais realismo ao game”.

Para a alegria de quem ainda sobrevive com a segunda geração do PlayStation, o jogo da Copa do Mundo será lançado futuramente de graça na internet.

Com isso, basta o jogador salvar o conteúdo em um DVD ou rodá-lo em um emulador.

Mas isso é pirataria?

Como você deve imaginar, o trabalho feito pelo Bomba Patch é tão ilegal quanto parece ser aos olhos da lei.

Apesar de muitas desenvolvedoras apoiarem a criação de modificações e atualizações da comunidade, as empresas detentoras dos direitos autorais ainda podem entrar com ações legais contra quem distribui e modifica suas propriedades intelectuais.

A Lei dos Direitos Autorais brasileira protege conteúdos por 70 anos após a morte de seu autor.

Ou seja, a Konami, dona do Pro Evolution Soccer, ainda tem uma grande janela de tempo para intervir contra o grupo brasileiro.

Por outro lado, para a felicidade da nação gamer do PS2, isso não deve acontecer.

Tecnicamente, é pirataria. A Konami se importa? Possivelmente, não

Para a maioria do mundo, o PS2 já está morto.

Mesmo que o console ainda seja bastante popular por aqui e continue sendo um dos mais vendidos nos camelôs do Brasil, a Sony já abandonou o videogame em 2012.

Além disso, o Bomba Patch trabalha com jogos que já saíram de circulação oficialmente e não devem ganhar remasters ou reboots, já que todo ano sai um PES novo.

E se nem mesmo grandes lançamentos atuais que são pirateados sofrem com intervenções da Konami, as chances do estúdio correr atrás dos brasileiros é mínima.

Resumindo o rolê: o Bomba Patch vai continuar 100% atualizado e ruim de aturar durante os próximos anos, democratizando a localização em games até mesmo para quem não possui um console atual.

Por que as capas do Bomba Patch tinham mulheres seminuas?

O Bomba Patch foi criado lá em 2007 e desde então vem lançando conteúdos que já foram patrocinados, pararam de ser desenvolvidos por um tempo e, atualmente, são feitos com o apoio da comunidade.

Além de chamarem a atenção pelo baixo custo em camelôs e lojas que vendiam jogos piratas em todo o país, o jogo se destacava também pelas capas.

Enquanto Pro Evolution Soccer e o FIFA traziam uns dois jogadores para estampar seus títulos, o Bomba tinha diversas edições com vários craques do mundo.

Entre elas, estrelas do Campeonato Brasileiro e as Musas do Brasileirão, o que tornava o jogo interessante para quem praticava outra atividade com a mão além do video game.

Segundo Jefferson, as capas que traziam mulheres seminuas eram obra da comunidade que começou ajudava a fazer o game.

Enquanto o grupo principal trabalhava em um jogo rebuscado e otimizado, vários editores que colaboravam com o projeto acabaram fazendo seus próprios patches e, com isso, criavam suas próprias capas.

“Como eu não disponibilizava uma capa oficial, muitas versões surgiram no começo.”

Apesar de muitos pais e responsáveis conhecerem o Bomba Patch como “o jogo de futebol com foto de mulher pelada”, o criador do projeto enfatiza que não queria incitar sexualização com seu produto.

“Isso criou uma certa polêmica. Quando vi este conteúdo, acabei disponibilizando as capas oficiais para que os camelôs parassem de usar este material quase erótico num jogo que era pra família”.

Como era de se esperar, as mulheres quase peladas não prejudicaram a popularidade do Bomba Patch, que ainda continua popular.

Atualmente, o pessoal faz atualizações para jogos de futebol do PS2, Xbox 360 e também no PSP, sempre mantendo seus seguidores atualizados pelo YouTube.

Mas por que esse tipo de coisa acontece no Brasil?

Como boa parte da história dos video games no Brasil, o trabalho do Bomba Patch também gira em torno da pirataria, que assim como uma erva daninha, precisa de um ambiente propício para crescer e se proliferar.

Durante muito tempo, nosso país foi deixado de lado por grandes desenvolvedoras

Se você tem tempo livre ou quer conhecer com profundidade o cenário de games do nosso país, recomendo o documentário 1983 – O Ano dos Videogames no Brasil, que mostra um pouco da história dos jogos eletrônicos por aqui (valeu pela dica, Fernando Kuji).

Outra produção necessária para entender os games no Brasil é a série Paralelos, produzida pela RedBull e disponível aqui, que conta como a pirataria adentrou no Brasil e possivelmente vai continuar por aqui.

Durante muito tempo, nosso país foi deixado de lado por grandes desenvolvedoras, que mal se davam ao trabalho de colocar uma legenda em português em seus jogos.

Além disso, somos conhecidos mundialmente pelos jogos e consoles extremamente caros, o que dificulta a disseminação dos games de forma legal.

O Bomba Patch nasceu porque um grupo de amigos queria fazer um campeonato de PES no bairro com jogadores brasileiros e narração em português.

Isso aconteceu lá em 2007, mas é interessante notar que, mesmo após 10 anos, ainda existem crianças brasileiras que não conseguem acessar um PS4 ou Xbox One, e só sabem o que é jogar com o Neymar na Seleção Brasileira por causa do Bomba Patch.

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