Crítica: “Agente Stone” foca demais na ação e se esquece de contar a história

Matheus Martins

A Netflix não é nenhuma novata na hora de criar filmes que promovam uma ação bombástica, ainda mais quando dito cujos títulos tem estrelas conhecidíssimas de Hollywood. Por esse motivo, Agente Stone chega à plataforma estrelada por Gal Gadot, a famosa Mulher-Maravilha.

O filme é uma ação desenfreada sobre Stone, uma infiltrada de uma corporação que pretende tomar posse do Coração, uma tecnologia avançada e poderosa que não pode cair em mãos erradas.

Bateu um dejá-vu? É que o filme tem esses ares de Missão Impossível de forma muito intencional. Conhecemos a personagem de Gadot já no meio de sua vida espiã, onde ela tem sua própria equipe e seus próprios segredos.

Stone é muito ousada e o filme tenta a todo custo dar esse ar de destemida a ela de uma forma muito óbvia. Tudo isso funcionária se o roteiro desempenhasse um bom trabalho em desenvolver tal tenacidade, coisa que não faz. Descobrimos quem é Stone e pronto, deixe Gal Gadot dar o nome com suas caras e bocas e uma tela verde.

Fica bem claro logo nos primeiros minutos que Agente Stone é um filme que está aí para zombar da inteligência do seu público. Os vilões são burros demais, os debates filosóficos são rasos e mesmo com tudo isso em evidência, a Netflix tenta vender esse projeto em uma colagem de duas horas longas de tudo de ruim que um filme de ação pode oferecer. É claro que socos, tiros, envenenamentos, traições e falas de impacto são parte do material de um filme desse nível. Mas quando ele vem acompanhado de uma história dispersa, pode se preparar para encarar a fúria de quem gosta de ver sentido.

Logo que Agente Stone começa a desenvolver uma trama, esta rapidamente se encerra de um jeito muito brusco, para então dar vida a uma subtrama, que começa numa crescente, e então é rasgada e tirada de nossas mãos antes que podemos digerir ela com calma.

A inserção da vilã, por exemplo, poderia ter tido um grande foco se fossem considerados dois pontos: a) atuação e b) desenvolvimento. Não sentimos medos dessa personagem que “assombra” a personagem de Gadot e ela não representa nenhum risco. E como poderia? Stone é destemida demais.

Jamie Dornan, ator de Cinquenta Tons de Cinza, é um baita de um ator com potencial. Aqui, ele está tão limitado a um clichê que chega a ser decepcionante. Se essa era uma tentativa de roubar o aspecto vilanesco de vilões de outros filmes do gênero, é bom a equipe do filme saber que esse não passa de um mero fantasma do que seu personagem poderia ser.

Um dos pontos que mais machuca é a história mal desenvolvida. Por mais que as críticas em Gadot tenham recaído de forma maciça, e os rumores de que ela teria sido “equivocada” em acreditar que haverá um Mulher-Maravilha 3 coloquem o seu talento em cheque, não dá para dizer que ela é uma má atriz, muitos menos que essas não existem.

Gadot é uma má atriz nesse filme, que por mais que consiga emprestar uma carisma a Stone, o filme e a composição que a inserem na narrativa de espionagem atrapalham demais. É quase como dizer que o roteiro a está sabotando de propósito. Os outros atores no filme não estão tão bem, quase como se estivessem irritados de estarem ali, e não conseguimos nos apegar a eles quando são cortados de forma necessária em certo ponto da história.

No final, Agente Stone tenta ser a Missão Impossível que crescerá dentro do streaming, mas se o fizer, vai ser em cima de um amontoado de tudo aquilo que vai na contramão do que um filme do gênero é capaz de oferecer.

Filme: Agente Stone

Direção: Tom Harper

Elenco: Gal Gadot, Alia Bhat, Jamie Dornan, Matthias Schweighöfer, Jing Lusi.

Nota: 4,00

Agente Stone está disponível na Netflix.

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