Crítica: “Ahsoka” episódio quatro traz retorno estelar

Matheus Martins

Após enfrentarem os dróides e Shin no espaço, Ahsoka e Sabine pousam em um planeta desconhecido enquanto tentam consertar a máquina afetada pelo combate. Mas o que se transforma em uma mera missão, coloca em risco a galáxia e tudo que ambas conquistaram.

É assim que começa o episódio quatro de Ahsoka, o que promete ser uma das adições mais lembradas pelos fãs de Star Wars. A série, focada na padawan de Anakin Skywalker, continua sua jornada pelas estrelas, aliada a Sabine e Huyang, em uma missão de impedir que o Império se levante pelo comando do Grande Almirante Thrawn.

O capítulo abre com uma súbita tensão que promete não facilitar para nossas heroínas aqui, que novamente precisam enfrentar o misterioso Baylan e a tenaz Shin, que não são nada fáceis. Embora pareça um episódio mais acelerado do que os outros, ainda assim a série volta em temas já visitados anteriormente: o treinamento incompleto de Sabine, a localização de Ezra Bridger, a súbita ameaça de Thrawn. Todos eles são abordados de uma forma sucinta e direta, já que ter apenas as intrigas e as políticas em cada episódio deixariam o ritmo lento, e os fãs desagradados.

Felizmente, a ação e os duelos com sabres de luz não são abandonados pelo plot, que traz uma revanche entre Sabine e Shin, e uma maior densidade e entendimento da força do misterioso Baylan, que conhece Anakin – e seu histórico – de alguma forma.

Em séries de fantasia, toda vez que um grupo de heróis enfrentam vilões veremos cenas onde as batalhas são intercaladas, produzindo um paralelo entre as batalhas internas e história que precisam ser contadas. Mas aqui, em Ahsoka, isso é feito de uma forma tão diferenciada que eleva o jogo.

Antes de mais nada, é feita uma construção de um momento de tensão na floresta onde a nave do trio está estacionada. É aterrorizante perceber que o inimigo está à espreita sem ser de uma maneira brusca, clichê, com diálogos que buscam ser irônicos, mas acabam besteirizando a tensão da coisa toda. Afinal de contas, o verdadeiro significado de tudo dando errado pode colocar não só Ahsoka e Sabine, mas várias vidas também em perigo.

Momentos como esse conseguem proporcionar mais espaço e cenas para personagens como Huyang, que, apesar de servirem como uma terceira via coadjuvante, entram em destaque.

Por falar no personagem, finalmente vemos o desfecho do que ele havia apontado lá atrás: Sabine tinha o menor nível histórico de um poder Jedi, e sua fraqueza foi sentida quando a missão deu tão errado. Essa fraqueza também faz um paralelo a falta de confiança que a pesonagem tem em Ahsoka, e o quanto a relação das duas corre risco de se deteriorar, mesmo com uma aliança previamente estabelecida.

Se a série está preparando um momento para que a personagem (Sabine) vire a mesa nesse aspecto, pode até ser possível, mas por enquanto ela é democrática em respeitar o avanço (ou não-avanço) da personagem, no caso.

Depois disso, seguimos para o desenvolvimento de Baylan. O personagem ganha ainda mais camadas e levanta uma conspiração que os fãs já tinham sobre sua personalidade. Ele provavelmente é um ex-Jedi, munido de força, poder e conhecimento proporcionadas pelo lado negro, mas que respeita a honraria que vem com tudo isso. Seu combate com Ahsoka e sua promessa com Sabine representam isso, mesmo que de uma forma dúbia para o roteiro. Não dá para acreditar que, mesmo com todas essas características já levantadas, ele não teria eliminado ao menos um dos empecilhos rapidamente depois de tudo que vimos que é capaz de fazer.

No fim das contas, a história se apoia em torná-lo um lunático para que o roteiro possa andar e dar dimensão ao que realmente importa: uma grande e eminente guerra que está por vir.

Mas o que falta em Baylan aqui, a série compensa com Morgan que é ardilosa e sádica quando vê a nave de Hera se aproximando e não dá para se o mau pressentimento de Jacen é algo que o personagem apenas sentiu, mas algo que irá acarretar para algo arriscado no próximo episódio.

Por fim, não tem como não falar daquele final. A volta de Anakin na série de uma personagem tão emblemática para a franquia Star Wars é algo que é tão fan-service quanto interessante, principalmente trazendo o aspecto do mundo entre mundos de volta. Embora seja um pouco clichê esse encontro entre personagem-entre-a-vida-e-a-morte com o fantasma-do-passado-que-já-foi-um-vilão, o fato de Anakin chama-lá pelo apelido tão conhecido pelos fãs denota que a história está avançando para apresentar algo que honre a grande história que Ahsoka e Anakin tiveram por anos em uma trama elogiável e impactante.

Série: Ahsoka

Direção: Steph Green

Elenco: Rosario Dawnson, Natasha Liu Bordizzo, Mary Elizabeth, Ivanna Sakhno.

Nota: 8,00

Novos episódios de Ahsoka chegam ao Disney Plus todas às terças-feiras.

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