Crítica | “As Marvels” é aventura em dose tripla, mas falta algo

Matheus Martins

Alvo de todo alvoroço que deu o que falar nesta semana sobre o fracasso ou não da Marvel nas bilheterias, o filme As Marvels pode ter escolhido uma hora um pouco ruim para chegar aos cinemas, mas está aqui entre nós.

A aventura dirigida por Nia DaCosta reúne as três heroínas Capitã Marvel, Monica Rambeau e Kamala Khan em uma aventura em dose tripla. Graças a uma “maldição” feita por um portal aberto por um novo inimigo, o trio troca de corpo toda vez que usa seus poderes, o que promete gerar uma série de confusões.

Nós do Pixel Nerd já conferimos um dos maiores lançamentos das salas de cinema e temos a nossa crítica sobre a produção. Confira abaixo!

The Marvels retoma o ponto de outras produções da Disney que haviam terminado com a promessa de uma sequência; o longa Capitã Marvel de 2019, a primeira série da Disney Plus WandaVision, a outra série do ano passado Ms. Marvel e a mais recente Invasão Secreta. Sendo assim Carol Denvers, Monica Rambeau, Ms. Marvel e Nick Fury se reúnem para uma missão passada no espaço, terreno que ainda estava sendo minado de forma tímida pela Marvel.

Quando forças espaciais misteriosas se aproximam e um campo magnético surge no espaço, Nick pede a Capitã para investigar a origem do que possa estar causando uma anomalia no universo que conhecemos. Ao mesmo tempo, ele também pede ajuda de Monica Rambeau, que está trabalhando com a S.W.O.R.D (ou Espada), agência secreta especializada em lidar com ameaças extraterrestres à segurança mundial e é a contraparte espacial da S.H.I.E.L.D., que lida com ameaças locais em todo mundo.

Nessa mesma linha do tempo – ou alguns momentos antes, como o filme passa a nos sugerir -, Kamala Khan está desenhando no seu quarto e sonhando em fazer parte dos Vingadores e ser uma espécie de parceira da Capitã Marvel. Seus sonhos se concretizam quando ela é de repente teletransportada para a nave da Sword, lugar onde Rambeau estava. Ao mesmo tempo, Monica também é sugada e colocada no lugar de Denvers. E assim sucessivamente.

Não demora até que as três, junto de Fury, entendam que estão lidando com uma falha energética que as troca toda vez que usam seus poderes.

Em meio a uma guerra desigual entre os Kree e os Skrull, as três precisam parar uma força que está roubando os recursos de vida de outros planetas.

A tal força é Dar-Benn, líder soberana dos Kree que busca restaurar a vida do planeta natal de sua raça usando a mesma energia para transportar água, terra, ar e o calor do sol. Dar-Benn tenta oferecer aos Skrull – seus inimigos do passado – um lugar de direito em meio aos dias gloriosos que estão por vir da sua raça. Mas, uma vez que parte para a guerra, ela é impedida pela chegada do trio Marvel, que chega para salvar o dia.

Plot já elaborado, é hora de falar do filme. Ele funciona? Mas é claro que sim. The Marvels possui todos os componentes que podem transformar o longa em um dos mais revisitados pelos fãs da marca. Tem família, tem amor, trama e o humor bem pastelão que virou costumeiro dos filmes do estúdio. Porém, apesar de ter uma história consistente, alguns excessos foram tomados no que diz respeito ao texto e aos efeitos especiais, que são muitos.

Vamos falar sobre os efeitos primeiro. Todo orçamento do filme foi usado com responsabilidade para criar os tentáculos de Goose, o gato monstrengo que acompanhava Denver desde o seu filme solo. O resto foi usado para trabalhar em feixes de luz que saem das mãos das personagens, montam uma aura espectral em torno da Capitã e muitos outros nesta sequência carregada de ação. Quem cuidou do resto foi a tela verde. Enquanto o problema de Homem-Formiga é se passar num universo quântico CGIzado, ter essa mesma sensação no espaço é ser generoso demais ao dizer que a culpa vem em grande parte dos efeitos. Talvez uma escolha decisiva ou um universo mais condensado em efeitos práticos salvasse a qualidade do filme, mas não é nisso que a Marvel está focada no momento.

Não me entenda mal; As Marvels tem um charme quando o trio interage entre si e é rico em detalhes do por quê o grupo leva tanto para se ajustar. Uma cena em particular que merece elogios é durante a “segunda troca”, logo no começo do filme, onde cada uma delas passa a entender que estão sendo manipuladas por uma força incomum e trabalham juntas mesmo de longe.

Porém, o filme sabota a si mesmo focando apenas nessa parte e cansa rápido quem estiver assistindo e procurando um pouco de desenvolvimento. Algumas das cenas de luta são ótimas, assim como as coreografias. Mas na luta final custamos muito a entender o que está acontecendo e o desenrolar acontece com pressa, sem sobrar tempo para contar realmente uma história.

O filme tinha tudo para ser um épico de herói capaz de emular todas as sensações que está tentando passar da tela para o público, mas não tem alma própria, não tem originalidade e nenhum aspecto que o tire da categoria de mais um filme para a Marvel fazer suas famosas conexões e vender mais filmes.

The Marvels pode ter vindo com uma carga tripla de ação e narrativa, mas ainda assim deixa a desejar um elemento que deixe o filme mais emotivo.

Filme: As Marvels

Direção: Nina DaCosta

Elenco: Brie Larson, Teyonah Parris, Iman Velani, Samuel L. Jackson, Zawe Ashton, Zenoba Shroff, Saagar Shakh e Mohan Kapoor.

Nota: 7,00

As Marvels está em cartaz nos cinemas.

Deixe um comentário