Crítica: “Mask Girl” não sustenta história interessante

Matheus Martins

A Netflix sempre estreia alguns dos doramas mais interessantes em seu catálogo. As histórias são sempre enredos profundamentes bem embasados, com reviroltas chocantes e com aquele gostinho de suspense que sabe nos fisgar bem.

A nova produção da Netflix, Mask Girl, é uma prova disso. A série é baseada em uma webtoon de Mae-mi e Hee-se, e é centrada na história de Kim Mo Mi, uma jovem mulher com problemas de auto-estima que se transforma em uma camgirl de bastante sucesso na internet.

A série é boa ou apenas uma produção para encher o catálogo da plataforma e deixá-lo mais diverso? Descubra agora com a nossa crítica!

Certamente, Mask Girl não é uma série qualquer, e nem tem uma premissa tão simples. Bem diferente de um clichê, acompanhamos um mundo em preto e branco onde as aparências podem enganar e nos fazer todo tipo de escolha inconsequente. A busca pela beleza, uma coisa tão almejada socialmente, leva boa parte das personagens dessa série a cometerem vários erros ao longo da história.

Mask Girl é um prato cheio de reviravoltas, então se você for um grande fã de plot-twists, saiba que eles acontecem aqui em todo episódio. Porém, fique sobreaviso: o tempo de duração de cada um deles não é o comum 40-50 minutos que toda série tem, mas sim 1 hora inteira reservada a cada história que a produção irá contar.

Kim Mo Mi tem um crush forte em seu chefe, Park Gi-hoon, que é um pouco inalcançável e bastante profissional, além de ser casado. Apesar de sentir que não é bonita o suficiente para conseguir seu interesse, à noite, Mo Mi compensa se transformando na Mask Girl; uma camgirl que realiza danças sensuais e faz gestos obscenos para uma plataforma de lives.

Se essa fosse uma série qualquer, um clichê bastante provável colocaria Mo Mi no caminho de seu chefe, que a princípio não saberia quem ela realmente é, e ambos teriam um romance que daria certo no fim das contas. Surpreendentemente, de uma forma cômica e trágica, vários acontecimentos destroem essa narrativa, mas ninguém está preparado para o que a produção tem a oferecer.

Os dois primeiros episódios de Mask Girl são quase primorosos em questão de narrativa e construção. É uma história bem amarrada, que fala sobre beleza e superficialidade com um texto bastante intrínseco e ciente da sua capacidade. Os atores entregam um show de atuação, e a produção tinha tudo para ficar par a par com Treta/Beef, outra série com uma premissa bem igual, porém acaba se perdendo.

Antes da metade da série, focamos na história de um personagem por vez, com diferentes narrativas e histórias próprias que se apresentam. Não é uma coisa inovadora, e não é nada que tenhamos visto antes, mas a forma como esse elemento é usado aqui parece um verdadeiro pesadelo de todo projetor criativo. Em poucas palavras, Mask Girl se solta de sua história exatamente quando a coisa fica boa.

A série não deixa de ser boa, ou comicamente sombria, mas o tamanho de informação que é jogada pode cansar quem está procurando por consistência. Como se não bastasse, fica parecendo que se inclinar no aspecto violento e na capacidade que muitas dessas personagens podem oferecer foi uma grande preguiça do roteiro, e que estraga qualquer possibilidade de nos convencer. De repente, já não é mais sobre Mo Mi, mas a mãe de um terceiro, a amiga de um terceiro, a filha de ciclana e por assim vai…

Talvez uma das piores escolhas foi realizar um concurso de beleza na hora da escalação da série e substituir Lee Han-byeol, que fez um papel impressionante no primeiro episódio, por diferentes atrizes ao longo dos episódios.

Série: Mask Girl

Direção: Kim Yong-Hoon

Elenco: Lee Han-byeol, Go Hyun-jung, Yeom Hye-ran, KIM Ga-hee, Moon Sook.

Nota: 7,00

Mask Girl está disponível com sua primeira temporada na Netflix.

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