Google revela quanto paga para ser o buscador padrão da Apple

Handley Venicius

O julgamento centrado no Google, tem revelado detalhes anteriormente mantidos em segredo sobre seu acordo de longa data com a Apple para a pesquisa no navegador Safari.

Apesar dos esforços do Google para manter essas informações fora dos holofotes, um testemunho acidental durante o processo trouxe à tona dados cruciais sobre a dinâmica financeira dessa colaboração.

Durante o depoimento em defesa do Google, Kevin Murphy, professor da Universidade de Chicago, inadvertidamente revelou que o gigante da tecnologia paga à Apple uma redução significativa de 36% de toda a receita proveniente dos anúncios de busca no navegador Safari. Esse insight, até então confidencial, destaca a complexidade e a intensidade da parceria entre as duas empresas.

O caso, que teve início em 2020 quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou ações anti-monopólio, alega que o Google está envolvido em práticas monopolísticas.

As acusações se concentram nos acordos de longo prazo celebrados entre o Google e a Apple, nos quais o Google é designado como o mecanismo de busca padrão, e praticamente exclusivo, no popular navegador Safari, bem como em outras ferramentas de busca da Apple.

Durante o processo, o advogado do Google, John Schmidtlein, mostrou visível desconforto quando Murphy revelou o percentual de pagamento. Esse momento revelador ilustra a magnitude do segredo mantido pelo Google em relação aos termos financeiros de sua parceria com a Apple.

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O Google, inclusive, tentou restringir a presença do público e dos repórteres no tribunal, evidenciando a sensibilidade em torno dessas revelações.

O Departamento de Justiça baseia-se nesse acordo como peça central em sua argumentação contra o Google no julgamento em andamento, iniciado em setembro de 2023. Alega-se que tal parceria ilustra a manutenção ilegal do domínio do Google sobre os mecanismos de busca e os mercados de publicidade em buscas.

O acordo entre o Google e a Apple para ser o provedor de pesquisa padrão no navegador Safari foi originalmente firmado em 2002 e permaneceu ininterrupto desde então. A expansão dessa colaboração acompanhou o crescimento da presença do navegador Safari, abrangendo não apenas computadores, mas também dispositivos móveis como o iPhone em 2007 e o iPad em 2010.

Até o momento, a Apple não se pronunciou sobre essa revelação. Não surpreendentemente, o Google optou por não comentar sobre as informações reveladas durante o julgamento, mantendo uma postura de sigilo em torno dos detalhes financeiros dessa parceria estratégica.