Desde o seu surgimento na tela grande, a franquia Invocação do Mal tem arrebatado espectadores ao redor do mundo com suas histórias aterrorizantes e perturbadoras. Com cada novo lançamento, os fãs se envolvem em uma jornada sinistra repleta de atividades paranormais, possessões demoníacas e eventos inexplicáveis. No entanto, o que muitos desconhecem é que por trás desses filmes de horror, há uma base de casos reais, eventos sombrios e encontros macabros que serviram de inspiração para a criação dessas histórias assustadoras.
Desde o primeiro filme da série, lançado em 2013, o diretor James Wan e sua equipe têm trabalhado para trazer à vida casos reais de atividades sobrenaturais, investigações de renomados demonologistas e experiências terríveis vividas por famílias ao redor do mundo. A franquia se tornou conhecida por seu realismo assustador, baseado em eventos reais que ocorreram em diferentes períodos e locais, adicionando uma camada extra de medo aos filmes.
Neste artigo, exploraremos os casos reais que serviram de inspiração para os filmes da franquia. É importante ressaltar que, embora os filmes tenham se inspirado em casos reais, é preciso separar a ficção da realidade. A linha entre o sobrenatural e o imaginário muitas vezes se mistura, e cabe ao espectador explorar as histórias com curiosidade, mantendo sempre uma visão crítica dos eventos que inspiraram essa franquia de horror que arrepia os cabelos.
Ed e Lorraine Warren
Ed e Lorraine Warren foram um casal de investigadores de fenômenos paranormais e autores que ficaram famosos por seus casos de assombração. Eles fundaram a New England Society for Psychic Research em 1952 e alegaram ter investigado mais de 10.000 casos durante sua carreira.
São eles os responsáveis por trazerem a essência e a inspiração do casal vivido por Vera Farmiga e Patrick Wilson. Entre os casos mais notáveis que eles consultaram estão a boneca possuída Annabelle, cuja história inspirou três filmes da franquia Invocação do Mal, a família Perron com uma casa assombrada por uma bruxa chamada Bathsheba Sherman e o da casa de Amityville, onde ocorreu um assassinato brutal e os Warren também encontraram evidências de atividade paranormal.
Todos esses casos geraram livros e filmes sobre o horror dessas experiências sobrenaturais e assolaram o mundo com casos de misticismo e veracidade.
Infelizmente, Ed e Lorraine Warren já faleceram. Ed morreu em 2006, aos 79 anos, devido a um infarto. Lorraine morreu em 2019, aos 92 anos, de causas naturais. Eles deixaram uma filha, Judy, e um neto, Chris, que continuam seu legado na pesquisa paranormal.
Invocação do Mal (2012)
O primeiro filme da franquia se baseia nas experiências do casal de investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, que foram chamados para ajudar a família Perron. Os Perron se mudaram para uma casa mal-assombrada em Rhode Island, nos Estados Unidos, em 1970.
A casa, chamada de “Antiga Propriedade Arnold”, tinha um passado de mortes violentas e misteriosas, e era assombrada por vários espíritos, entre eles o de Bathsheba Sherman, uma suposta bruxa satanista que atormentava a mãe da família, Carolyn Perron. Os Warren tentaram realizar sessões de exorcismo e espiritismo para livrar a casa das forças malignas, mas não tiveram sucesso. A família Perron acabou abandonando a propriedade em 1980.
Logo que chegaram na casa, os Perron sentiram uma energia estranha e começaram a presenciar fenômenos sobrenaturais, como vozes, objetos se movendo, camas levitando, cheiros estranhos e manchas nas paredes. Algumas das filhas também viram fantasmas de crianças e de uma mulher que se balançava em uma cadeira de balanço.
Inicialmente, os Perron não se assustaram muito com as manifestações e até acharam alguns fantasmas gentis e amigáveis. Eles também tentaram conviver pacificamente com os espíritos e não se envolver em conflitos com eles.
No entanto, com o passar do tempo, as aparições ficaram mais frequentes e violentas. As filhas eram atormentadas por portas que batiam, gritos de socorro, puxões de cabelo e cobertor e arranhões no corpo. Carolyn também sofria ataques físicos e psicológicos dos espíritos, que a machucavam e a insultavam.
Preocupada com a situação, Carolyn decidiu pesquisar sobre o passado da casa e descobriu que ela tinha um histórico de mortes trágicas e misteriosas. Oito gerações de uma mesma família haviam vivido e morrido na casa, incluindo casos de assassinatos, suicídios, estupros e infanticídios. Carolyn também descobriu que uma das antigas moradoras da casa era Bathsheba Sherman, uma mulher acusada de ser uma bruxa satanista que teria sacrificado seu filho recém-nascido ao diabo. Bathsheba morreu enforcada em uma árvore no quintal da casa em 1885.
Carolyn concluiu que o espírito de Bathsheba era o responsável pelos ataques mais violentos contra ela e sua família. Ela relatou ter sido torturada e possuída por Bathsheba em várias ocasiões. Em uma delas, ela foi arremessada de um quarto para outro por uma força invisível. Em outra, ela foi esfaqueada na perna por uma agulha invisível enquanto estava na cozinha.
Desesperados por ajuda, os Perron entraram em contato com o casal de investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, que eram conhecidos por lidar com casos de assombrações e possessões demoníacas. Os Warren foram até a casa dos Perron e confirmaram a presença de entidades malignas no local. Eles também afirmaram que Bathsheba era a principal responsável pelos ataques e que ela tinha como objetivo possuir Carolyn e matar Roger.
Os Warren tentaram realizar uma limpeza espiritual na casa dos Perron, usando métodos como orações, bênçãos e exorcismos. Eles também trouxeram uma equipe de filmagem para documentar os fenômenos sobrenaturais que ocorriam na casa. No entanto, os rituais não surtiram efeito e apenas enfureceram mais os espíritos. Os Warren foram obrigados a deixar a casa depois que Roger os expulsou, temendo pela segurança de sua família.
Sem ter para onde ir nem como se livrar dos espíritos, os Perron continuaram morando na casa até 1980, quando finalmente conseguiram vendê-la. Eles se mudaram para outro estado e afirmaram que nunca mais tiveram problemas com assombrações. Os Warren também continuaram suas investigações paranormais em outros casos famosos, como o de Amityville.
A história dos Perron foi contada pela filha mais velha do casal, Andrea Perron, em uma trilogia de livros chamada House of Darkness House of Light. Ela também colaborou com a produção do filme Invocação do Mal, que foi lançado em 2013 e se tornou um sucesso de bilheteria. O filme é uma adaptação livre do caso real dos Perron e dos Warren, com algumas alterações na cronologia e nos detalhes dos eventos.
Invocação do Mal 2 (2016)
Em 1977, a franquia se baseou no caso da família Hodgson, formada pela mãe solteira Peggy e seus quatro filhos: Margaret, Janet, Johnny e Billy, se mudou para uma casa em Enfield, na Inglaterra. Logo que chegaram na casa, eles começaram a presenciar fenômenos sobrenaturais, como barulhos estranhos, objetos se movendo, brinquedos voando e camas sacudindo.
Os fenômenos se intensificaram quando Janet, de 11 anos, começou a ser possuída por um espírito que se identificava como Bill Wilkins, um antigo morador da casa que teria morrido de hemorragia cerebral na poltrona da sala. O espírito usava a voz e o corpo de Janet para se comunicar e ameaçar a família.
A família Hodgson pediu ajuda à polícia, à igreja e à imprensa, mas não obteve muito sucesso. A polícia não pôde fazer nada além de testemunhar uma cadeira se mover sozinha. A igreja não quis se envolver sem a autorização do Vaticano. E a imprensa duvidou da veracidade dos fatos e acusou a família de fraude.
O caso ficou conhecido como o Poltergeist de Enfield e atraiu a atenção de vários investigadores paranormais, entre eles o casal Ed e Lorraine Warren, que eram famosos por lidar com casos de assombrações e possessões demoníacas. Os Warren foram até a casa dos Hodgson e confirmaram a presença de uma entidade maligna no local. Eles também afirmaram que Bill Wilkins era apenas um fantoche de um demônio mais poderoso que queria destruir a família.
Os Warren tentaram realizar uma limpeza espiritual na casa dos Hodgson, usando métodos como orações, bênçãos e exorcismos. Eles também trouxeram uma equipe de filmagem para documentar os fenômenos sobrenaturais que ocorriam na casa. No entanto, os rituais não surtiram efeito e apenas enfureceram mais o demônio. Os Warren foram obrigados a deixar a casa depois que Peggy os expulsou, temendo pela segurança de seus filhos.
Sem ter para onde ir nem como se livrar do demônio, os Hodgson continuaram morando na casa até 1979, quando os fenômenos cessaram por conta própria. Eles se mudaram para outra cidade e afirmaram que nunca mais tiveram problemas com assombrações. Os Warren também continuaram suas investigações paranormais em outros casos famosos, como o de Amityville.
A história dos Hodgson foi contada por vários livros, documentários e programas de TV. Ela também inspirou o filme Invocação do Mal 2, que foi lançado em 2016 e se tornou um sucesso de bilheteria. O filme é uma adaptação livre do caso real dos Hodgson e dos Warren, com algumas alterações na cronologia e nos detalhes dos eventos.
Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio
O caso mais recente que inspirou a história do filme Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio foi o julgamento de Arne Cheyenne Johnson (um bem famoso nos EUA) que matou seu senhorio Alan Bono em 1981 e alegou que estava possuído por um demônio durante o crime. Johnson se tornou a primeira pessoa na história americana a reivindicar possessão demoníaca como defesa.
Segundo informações espalhadas na internet, Johnson estava envolvido no exorcismo de David Glatzel, o irmão mais novo de sua namorada Debbie, que supostamente sofria de ataques demoníacos. O casal de investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren foram chamados para ajudar a família Glatzel e afirmaram que o demônio que possuía David se transferiu para Johnson durante uma das sessões.
Os Warren também tentaram ajudar Johnson após o assassinato, alegando que ele era inocente e que havia sido vítima de uma força maligna. Eles também trouxeram evidências de gravações de áudio e vídeo do exorcismo de David para provar a existência do demônio. No entanto, o juiz não aceitou a defesa baseada em possessão demoníaca e condenou Johnson a 10 a 20 anos de prisão por homicídio culposo. Ele cumpriu apenas cinco anos e foi libertado em 1986.
Annabelle e A Freira são baseados em casos reais também?
Não exatamente.
A Freira é inspirado no demônio Valak, que é mencionado no livro “A Chave Menor de Salomão”, escrito pelo rei Salomão. No livro, Valak é descrito como uma criança com asas de anjo montada em um dragão de duas cabeças, que governa 38 legiões de demônios e costuma sequestrar crianças. No filme, Valak assume a forma de uma freira para atormentar um convento na Romênia, onde Ed e Lorraine Warren vão investigar.
Já Annabelle é inspirada em uma boneca de pano que supostamente estava sob possessão de um espírito maligno. A boneca pertencia a uma estudante de enfermagem chamada Donna, que a ganhou de sua mãe em 1970. Donna e sua colega de quarto Angie começaram a notar que a boneca se movia sozinha e deixava bilhetes assustadores. Elas pediram ajuda a uma médium, que disse que a boneca era habitada pelo espírito de uma menina chamada Annabelle Higgins, que morreu no local onde elas moravam.
As jovens aceitaram ficar com a boneca, mas logo perceberam que ela era perigosa e tentou atacar o namorado de Donna. Elas então contataram Ed e Lorraine Warren, que levaram a boneca para seu museu e a colocaram em uma caixa de vidro. No filme, a boneca é diferente da original e tem uma origem mais macabra, envolvendo um culto satânico e um demônio.