Os melhores filmes e séries com Wagner Moura

Matheus Martins

Quando se pensa em performance, Wagner Moura é com certeza uma das personalidades de maior destaque no cinema brasileiro; mas não apenas no cinema. O ator e também diretor atuou em uma das séries de maior sucesso da Netflix e tem um excelente currículo em filmes nacionais e internacionais, além de estar por dentro da direção e roteirização de Marighella – longa que retrata o principal lutador de direitos contra o regime militar no Brasil e que foi aplaudido no Festival de Berlim.

Suas atuações, por mais pequenas ou coadjuvantes que sejam, sempre são lembradas pelo público com frases ou papéis marcantes ou chamativas pela habilidade do ator de se adaptar de se entregar inteiramente a qualquer trabalho ao qual se compromete.

Hoje nós iremos mostrar a vocês os melhores Filmes e Séries com Wagner Moura para você assistir!

Tropa de Elite (2007)

Quem aí não se lembra da famosa frase do Capitão Nascimento, “Pede pra sair, pede pra sair!”. O comandante do esquadrão do Bope de Elite foi um sucesso que encheu as salas de cinema de animação e marcou a cultura brasileira em questão de retratação – repetindo o efeito de Cidade de Deus, estreado cinco anos antes. O filme foi uma obra de qualidade verossímil trazendo ao público a violência policial e militar, e a realidade presente nas favelas do morro da Babilônia existentes assim em como qualquer outra.

Aqui, Moura dá tudo de si para interpretar a personalidade dura e firme de Nascimento quando diante de outros cadetes ao mesmo tempo em que mostra seus variados defeitos bem representados na vida pessoal com sua mulher e a gravidez dela, suas vulnerabilidades quando preocupado com o futuro do seu batalhão e carreira e, por fim, sua tática e estrategismo ao lidar com missões de risco.

Nada, nenhuma dessas coisas seriam possíveis sem o extenso currículo com o qual Moura é complementado; ele e o ator Lázaro Ramos (Ó Paí, Ó, Mister Brau) começaram cedo no dramaturgo, estudaram em escola de artes e fizeram papéis em diversas novelas, além de ambos terem atuado juntos em Carandiru, outro marco importante em suas carreiras.

As expressões faciais e os tonos de seus movimentos são sempre decisivos quando Wagner entra na pele da personagem, sabendo passar para o público a confiança de quando o Capitão demonstra estar irritado ou sendo irônico ao falar da vinda do Papa para o Brasil; essa dualidade transforma personagem em pessoa em uma fração de segundos, não dando tempo que se criem raízes para questionar a capacidade do ator.

Nas favelas do Rio de Janeiro, o morro e a criminalidade são encabeçados pelo Bahiano (Fábio Lago). Do outro lado da cidade, André Matias (André Ramiro) e Neto Gouveia (Caio Junqueira), recém-ingressados na polícia, vêem a dificuldade com que suas carreiras são desvalorizadas à frente de muitas hierarquias. Depois de serem salvos pelo Bope de Elite, os dois partem para o treinamento militar onde se provarão capazes de combater o crime.

Rendendo o “Urso de Ouro” de melhor filme, o título obteve sua continuação, Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro, dessa vez retratando as vinhas da corrupção policial e governamental, além dos diferentes esquemas que ameaçam a vida de quem se atreve a contrariar o sistema.

Narcos (2015-2017)

O hit da Netflix trouxe a Moura outro de seus maiores papéis. Mas, dessa vez, ele não é mais o redondo Capitão Nascimento e sim o lendário chefão do crime organizado, Pablo Escobar, que governava a rede de tráfico em Medelín, Colômbia, assim como em outros países.

Aqui se tem uma personagem que, apesar de seus crimes hediondos de conhecimento público na história humana, é carismática, manipuladora e poderosa com uma grande influência no mundo do cartel de drogas. Wagner incorpora todas essas características com a magnitude que se é necessária para encarar o desafio, sendo calculista quando se precisa ou inescrupuloso quando ordena assassinatos e quedas de avião; todas as suas ações requerem uma gota de simpatia, o que ator faz bem aqui com a tonalidade de suas falas, o movimento de suas cabeças e o jeito como interage com as diferentes peças do elenco quando se move perto delas, terminando como o ímã que paira todos à sua volta.

A febre em torno de personagens que se relacionam com o crime não é nenhuma novidade para os brasileiros (ainda mais quando se tem Moura encabeçado no projeto) e eles souberam abraçar o papel do autor mais uma vez nesse campo. Wagner ganhou novamente destaque, além de ter obtido o feito impressionante de aprender o espanhol em meses a tempo de começar a produção da obra. A série conta com três temporadas na plataforma Netflix, além da derivada Narcos: México.

O Homem do Futuro (2011)

Nem todos os trabalhos precisam ser um desafio e, por mais que o sejam, é divertido observar quando esse objetivo pode ser gerado dentro de uma produção simples ao mesmo tempo em que ressoa numa carreira artística. É o que Wagner Moura demonstra em Homem do Futuro, filme nacional com direção de Cláudio Torres (A Mulher Invisível) e Alinne Moraes no elenco.

Moura é João “Zero”, um cientista típico zero à esquerda criador de uma invenção capaz de fazer com que ele volte no tempo, mais precisamente para o tempo da faculdade em 1991, onde foi humilhado pelo amor da sua vida, Helena (Alinne Moraes). Trocadilhos a parte, o rapaz mexe com a linha do temporal de uma forma trágica para todos e precisa correr para consertar o erro antes que seja tarde demais.

Deixando os heróis botados sob pressão e vilões carismáticos de lado, vemos o ator pisando no papel de um jovem ingênuo e suas múltiplas versões que aparecem pelo decorrer do filme. Ele é ranzinza, provindo de conhecimento do futuro, confuso, apaixonado, preocupado; tudo isso em uma salada mista de atuação que diverte e carrega toda a alma que a comédia romântica precisa para funcionar até o fim. Alinne também entra com seu lado atraente e divertido, dando a personagem tudo que é preciso para fazer com que todos acreditem que ela não faça ideia do que o protagonista está passando.

Cheio de nostalgia e com músicas como Tempo Perdido e Creep em seu repertório, o filme agrada quem é fã do gênero e se encontra disponível no catálogo da Apple Tv.

Praia do Futuro (2014)

Decerto, toda uma carga de talento, se bem direcionada, pode gerar verdadeiras obras de arte no cinema e não estamos falando de obras realistas ou biograficamente embasadas neste caso. Praia do Futuro, longa do renomado Karim Aïnouz (Madame Satã, Cidade Baixa) carrega uma história linda, lúdica e que bate mais profundamente do que os títulos anteriores dentro da psique da mente.

Os cenários e fotografias bem arranjados casam perfeitamente no fundo, deixando que personagens interessantes entrem com seus traumas; dentre eles o Donato de Wagner, um salva-vidas que se arrepende por não ter tentado o suficiente para salvar a vida de uma vítima de afogamento. O acontecimento o aproxima de um homem estrangeiro e enlutado, por quem sente uma atração que é correspondida de maneira avassaladora, doce e triste. O ator entrega o melhor de sua interpretação quando calado, simulando surtos de choro, confuso e ardendo pelo desejo de alguém do mesmo sexo e evocando toda a parte sombria do trauma nos olhos do personagem principal, que é, sem precisar de muitas explicações, um verdadeiro carrossel de emotividades.

O filme levou bastante hate de uma parcela da audiência brasileira em sua estreia principalmente pela homofobia, mas também de boa parte das pessosas que não souberam separar o Capitão Nascimento de Tropa de Elite do grandioso artista Wagner Moura que é capaz de entregar trabalhos incríveis e memoráveis.

Carandiru (2003)

Nesta excelente obra Brasileira, Carandiru abriu as portas para a realidade cruel – um lado que seria explorado mais tarde em filmes do gênero e que, por ironia ou não do destino, teria Wagner Moura representando um desses papéis sociais como o Capitão Nascimento. Neste título de 2003, ele é o prisioneiro Zico, um dos muitos em Carandiru que contam suas histórias a um médico. O filme foi inspirado em uma obra do Doutor Drauzio Varella, o best-seller Estação Carandiru onde o mesmo relata sua relação próxima com os presidiários que foram assassinados em um massacre no dia 2 de outubro de 1992.

Ainda cedo em sua carreira filmográfica, Wagner já conseguia performar de uma maneira em que seu personagem ganhasse destaque, atraindo os olhos de atenção para o seu talento. Apesar de, dentro do longa, ter sua habilidade um pouco ofuscada pela polêmica – ao menos para a época – performance de Rodrigo Santoro como Lady Di, o ator saiu bem-sucedido ao fazer parte da cadeia de personalidades interessantes que permeiam o filme, não a toa o longa está listado como um dos 100 melhores filmes brasileiros pela Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).