Como o nosso quadro Jogo Brasileiro mostra, a indústria brasileira de games tem muito a oferecer, e uma das maiores surpresas de 2018 foi Sword Legacy Omen, um RPG de turnos com belos gráficos trazendo uma pegada de Disney, mas com uma temática sombria da era medieval.
Trazendo uma narrativa densa acompanhada de gameplay viciante, o jogo acompanha a história de Uther num conto pré-Rei Arthur cheio de tramas e personagens diversificados. A produção foi feita graças a parceria do estúdio Firecast com a Fableware, desenvolvedora especializada em storytelling.
De acordo com o diretor de narrativa, Arthur Protasio, que trocou uma ideia com a gente recentemente, a junção dos dois times foi essencial para o jogo ganhar forma.”Às vezes, você tem um escopo de um projeto que tão grande que não vai conseguir dar conta sozinho”, explica o roteirista. “A parceria entre as empresas foi crucial para fazer o jogo do tamanho que ele tem agora”. Segundo o desenvolvedor, o jogo conta com mais de 40 mil palavras em diálogo.
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A mistura do talento de game design da Firecast e da experiência com roteiro da Fableware fizeram o jogo sair do papel em três anos e meio com o trabalho ativo de sete pessoas. O trabalho chegou a chamar a atenção da famosa publisher Team17.
Além de atuar produzindo a parte narrativa de Sword Legacy, Arthur também trabalha na parte de relações públicas no game, e mesmo com pouca experiência na área, aprendeu bastante com o projeto. E durante este tempo, acabou conseguindo conquistar a produtora, que marcou a infância de muita gente com Worms.”Eu tava dando palestra na Alemanha e lá eu tive a oportunidade de apresentar o jogo para eles”.
Versatilidade
Apesar do sucesso no desenvolvimento que rendeu um belo game, o time também enfrentou problemas de orçamento, mas a versatilidade acabou ajudando a manter a qualidade.
Segundo conta Arthur, o time não tinha grana para dublar completamente o jogo, pois o processo de vocalização foi feito remotamente, com atores de diferentes partes do mundo. “É complicado lidar com dublagem quando você não tem uma equipe local e um estúdio à disposição”, explica o criador da Fableware. “A minha vontade era ter dublagem para todos os diálogos, seria o máximo.
Os desenvolvedores driblaram o problema usando sussurros e sons reativos, que são mais fáceis de produzir, além de balões de fala, o que combinou com a estética de quadrinho que monta o restante da arte do game.
“Fizemos isso para trazer uma solução artística e criativa para o fato de não termos dublagem para todo mundo. Não é algo simples de se produzir, mas se tornou um valor de mercado que o consumidor sente muita falta”, explica o desenvolvedor, que considera a dublagem um artefato que aproxima os indies de jogos de grande orçamento.
“Acho que muita gente olha para o Sword Legacy e pensa: ‘que maneiro, é um jogo muito bonito e com estética bem legal’. Você começa a jogar e escuta a narração, mas aí você parte pro jogo e não tem dublagem. Acho que isso pode ter sido um pouco frustrante”.
O futuro de Sword Legacy
Agora que o jogo já saiu na Steam, a esperança é que as vendas sejam boas e a equipe consiga levar a história de Uther e a Escalibur para mais plataformas. “Eu adoraria ver o Sword Legacy no Switch e em tablets, além do PlayStation e Xbox”, conta Arthur, que pretende ver o game chegando, antes de mais nada, no Mac. “Estamos vendo a recepção do jogo e viabilizando recursos para isso acontecer”.
Além de levar o jogo para mais lugares, os desenvolvedores brasileiros também gostariam de lançar mais conteúdos para Sword Legacy: Omen, mas tudo depende da recepção do título. “É o tipo de coisa que vai fazer sentido depois que tivermos conseguido levar para mais plataformas e ver que a galera gostou do jogo”, ressalta o diretor de narrativa.
Para quem curtiu o game e quer apoiar o time, Sword Legacy: Omen está disponível na Steam por R$ 36,99.