Crítica: “Invasão Secreta” avança e empolga

Matheus Martins

Dando continuidade a sua nova série, o Disney + liberou mais um novo episódio de Invasão Secreta, que estreou no dia 22 de junho na plataforma. A produção promete ser uma série investigativa e dar continuidade a história de Nick Fury com os Skrulls, que esperaram por anos por uma resolução da promessa feita pelo personagem.

Se você leu a nossa crítica do primeiro episódio, sabe que reclamamos que a série não parecia uma série sobre Nick Fury, procurando dar espaços ao problema ao invés de tocar de forma profunda no núcleo do personagem. Esse defeito não só é resolvido no capítulo dois, como também muda completamente a sua direção a tornando mais interessante e condensada que o primeiro episódio. Vale dizer que o capitulo é cheio de tomadas de decisões sobre roteiro e storyline que deveria ter sido usado para começar a série em primeiro lugar.

Aqui, retomamos a história anos atrás, quando Talos introduziu os Skrulls a Nick Fury. De forma inocente, a série apresenta também uma versão jovem de Gravik, o futuro vilão da série que é dito como um “manipulador” e é elogiável a forma como a cena em que descobrimos que o skrull jovem que olhou Nick fazer sua promessa é o mesmo que veio puní-lo por não cumpri-lá. E temos que dizer, o paralelo que essas duas cenas fazem uma com a outra é simplesmente de arrepiar – e empolga bastante.

Depois de uma introdução mais do que bacana, somos apresentados a dinâmica de Talos com Nick Fury. Sabemos que os personagens possuem uma relação balanceada com a promessa do criador dos Vingadores, que promete ser o grande percursos de eventos da série, mas aqui vemos ela primeira vez sendo afetada quando Nick coloca Talos contra a parede.

Preste atenção nessa cena. Por mais que o diálogo possa parecer não ter nada demais, a maneira como ele funciona e é escrita é muito elogiável. A medida que Nick pressiona Talos, o diálogo avança, ficando menos cômico e mais tenso, transformando o que era uma relação de confiança em algo que pode ser quebrado, o que nos questiona a fala do diretor da série sobre o duo ser os únicos que podem ser confiáveis nessa série de intrigas e desconfiança.

O terceiro núcleo do episódio (ao todo, são quase quatro) somos levados a ver a dinâmica dos Skrulls revoltados, principalmente aqueles ligados a Gravik. É mostrado que além de ser um líder inescrupuloso, ele é capaz de rapidamente controlar uma espécie de comitê de Skrulls que tentam discordar dele. Em paralelo a isso, vemos que filha de Talos, G’iah, não compartilha desse aspecto e fica enojada com o jeito que o aparente inimigo do seu pai lida com as coisas, e prevejo que a série tentará redimi-lá até o final, é óbvio.

No quarto e último núcleo temos a personagem de Olivia Colman, Sonya, é uma adição, mas que é um pouco ofuscada pelo jeito como Nick Fury lida com a morte de uma personagem importante da série. O que não é ruim, é apenas adequado a essa altura do campeonato, e até mesmo necessário para que a história fale exatamente sobre o que veio sem se distrair do seu real objetivo. Veja bem, a série veio para mostrar a invasão dos Skrulls, e não o quão bem Sonya é capaz de torturar alguém para conseguir informações que precisa. É bom que a personagem tenha sido diminuída aqui para que possa ter um desenvolvimento melhor em um núcleo maior dela nos futuros episódios.

O segundo episódio não deixa a ação de lado. Na verdade, ela é apoiada e bem conduzida em sequências espetaculares de tensão que não se alongam demais, nem fazem a câmera fugir e são muito mais sobre o sentimento do que sobre o que é feito pelas personagens. Até o humor, que já foi mencionado na cena do trem entre Talos e Fury, dura pelo tempo que precisa durar como uma bala precisa no alvo. É pontual, sem exposição de diálogo e muito bem feita. Num minuto um personagem pode rir, mas ficar sério de novo, como se fosse impossível esquecer que existe um clima apocalíptico entre a raça a humana e uma raça alienígena, e é exatamente o que está acontecendo aqui.

O segundo diálogo importante da série é entre James “Rhodey” Rhodes, o Máquina de Combate, e Nick Fury. Assim como com Talos, não é uma simples conversa que você pode ignorar enquanto assiste Invasão Secreta, é uma demonstração de escrita interessante que coloca a atuação de ambos os atores em seu maior potencial. Também é um momento decisivo para uma decisão dinâmica que explica o futuro que essas duas personagens – uma confirmada com um filme solo – no Universo Marvel e é algo tão bem aplicado que nos faz esquecer da lenta e fraca apresentação de Kang em Quantumania.

A cena final pega um pouco desprevenido quem estiver esperando que o mesmo feito com o episódio 1 aconteça nesse episódio, mas a capacidade da série de nos impressionar e trazer o motivo pelo qual Fury tem agido um pouco estranho é finalmente explicado.

Invasão Secreta pode ter começado de uma forma muito bagunçada, mas certamente conseguiu se estabelecer como uma série curiosamente boa e mal podemos esperar para ver o que mais tem a oferecer nos próximos capitulos.

Série: Invasão Secreta

Direção: Ali Selim

Elenco: Samuel L. Jackson, Emilia Clarke, Colbie Smulders, Kingsley Ben-Adir, Ben Mendelsohn, Olivia Colman, Martin Freeman, Dermot Mulroney e Killian Scott

Nota: 9,0

Invasão Secreta estreia episódios novos todas às quarta-feiras no Disney Plus.

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